Lançado com novo projeto gráfico pela Record, o volume Cartas reúne a correspondência de Graciliano Ramos, desde sua vida cotidiana até sua prisão política, passando por sua atuação como prefeito de Palmeira dos Índios, em Alagoas. Também traz prefácio escrito pela viúva do autor, Heloísa Ramos, para a primeira edição do livro, em 1980.

Nascido há 130 anos, Mestre Graça, como era conhecido pelos amigos e leitores, é um dos autores referenciais da literatura brasileira, parte da geração de 1930, e ficou amplamente conhecido por grandes romances como Vidas secas e Angústia.

Cartas é organizado por ordem cronológica, desde 1910, quando Graciliano morou em Palmeira dos Índios, no agreste de Alagoas, passando por sua ida ao Rio de Janeiro em 1914, para tentar a sorte na imprensa carioca, e seu regresso à cidade da infância devido à morte de três irmãos e um sobrinho, vítimas de uma epidemia de peste bubônica.

O leitor acompanha ainda seu afastamento e lento retorno à literatura após a morte da primeira mulher, em 1920, decorrente de complicações no parto; e o reencontro do amor ao se apaixonar por Heloísa Medeiros, com quem se casou em 1928. Nesse mesmo período, Graciliano foi eleito e empossado prefeito de Palmeira dos Índios, cargo em que ficou por dois anos.

Os bilhetes que enviou da prisão, durante o Estado Novo, em 1936, dão conta do período em que foi detido sob alegação de ser comunista. As cartas do período seguinte terminam com os relatos de sua viagem à Tchecoslováquia e à União Soviética, em 1952.

Ao acompanhar os relatos íntimos de Graciliano Ramos a amigos e familiares, revelando suas relações com o cotidiano e com as pessoas com quem conviveu mais de perto, tem-se uma espécie de narrativa autobiográfica e muitas vezes confessional dos acontecimentos cruciais de sua vida.