Em uma narrativa cheia de enigmas, a sul-coreana Bae Su-ah resgata elementos da lieteratura surrealista para construir Noite e dia desconhecidos, seu segundo romance traduzido e publicado no Brasil.
Traduzido direto do coreano por Hyo Jeong Sung, o livro conta a história pouco convencional da atriz Ayami, que se despede de seu emprego em um teatro para cegos que está fechando as portas. Sem rumo, não sabe o que fazer da vida em uma cidade que lhe parece hostil e ameaçadora.
Em uma jornada inesperada, Ayami busca uma professora de alemão desaparecida e inicia um complexo relacionamento com um escritor de romances policiais. Em Noite e dia desconhecidos, nada é o que parece, e imagens e cenas se repetem em diferentes cenários, que variam do espaço hiperurbano de Seul à beira do mar em Valparaíso.
Pouco a pouco, a lógica da realidade vai se desfazendo. Enquanto imergimos em uma atmosfera de sonho ou pesadelo, a identidade dos personagens se revela incerta. Tão incerto como o futuro de Ayami, seu passado parece desvanecer progressivamente, e por suas brechas se insinuam possíveis traumas reprimidos.
A obra de obra de Hyo Jeong Sung, que vive na Alemanha, também dialoga com as produções mais experimentais do cinema asiático, como os filmes de Pen-Ek Ratanaruang e de Kim Ki-Duk.
O primeiro livro de Bae Su-ah publicado no Brasil foi Sukiyaki de Domingo, em 2014, editado pela Estação Liberdade. O livro oferece uma crítica social à vida contemporânea na Coreia do Sul. Bae Su-ah nasceu em 1965 e se formou em química pela Ewha Womans University, de Seul. Estreou como escritora em 1988 com a obra A dark room. Entre seus livros mais recentes estão Low hills in Seoul (Baixas colinas em Seul) e North Living Room (Sala norte).