No ano passado, 26 contos do escritor João Gilberto Noll, morto em 2017, foram encontrados em um arquivo de seu computador pessoal. Esses textos, nunca publicados, são agora reunidos em Educação natural: textos póstumos e inéditos. Além das narrativas breves, há também o fragmento de um romance inacabado de Noll.

O livro tem organização e posfácio de Edson Migracielo e texto de orelha de Joca Reiners Terron. O lançamento será neste sábado (24), às 11h, durante bate-papo de Migracielo com Marcelino Freire na Livraria da Travessa em Pinheiros (SP). O evento abre o Festival Faísca, uma celebração ao conto.

Os textos tratam de temas caros ao autor, vencedor do prêmio Jabuti em seis ocasiões, como o aspecto trágico da existência, as possibilidades de transfiguração do corpo e as questões de gênero, retratando de maneira poética personagens que estão sempre à deriva, desgarrados, esquecidos ou ansiosos por esquecer.

Em uma das narrativas, um homem entra na casa de uma mulher no meio da noite para reaver a memória de um amigo desaparecido; em outra, um homem atormentado agoniza no chão sujo de um banheiro público, enquanto rememora sua glória indesejada. Nestes textos póstumos, tudo parece estar por um triz, entre o delírio e o prazer, entre a vida e a extinção.

O romance inacabado, sem título, é composto de cerca de 20 páginas. O manuscrito tinha sido doado ao Instituto Moreira Salles. O arquivo do computador indica que ele foi iniciado em 2015 e que Noll estava trabalhando nesse texto quando morreu, em 2017.