Conhecido por suas narrativas góticas e de horror, que o colocam ao lado de Edgar A. Poe e H.P. Lovecraft como mestre do gênero, o norte-americano Ambrose Bierce (1842-1914) tem 14 de seus contos reunidos na coletânea O dedo médio do pé direito e outros contos.
A edição impressa em capa dura, numerada e limitada da 11 Editora é organizada por Léa Prado e traduzida por Ana Paula Doherty, contado ainda com prefácio de Craig A. Warren, professor de inglês da Penn State Behrend e editor do The Ambrose Bierce Project.
O posfácio é de Carla Ferreira, professora associada do Departamento de Letras — Área de Língua Inglesa e suas Literaturas — da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).
Os contos selecionados para publicação incluem histórias fantasmagóricas, como O relógio de John Bartine (1893), O estranho (1909) e A estrada ao luar (1907), e também histórias de animais abomináveis, como O funeral de John Mortonson (1906).
Alguns trabalhos antecipam a ficção científica do final do século 20. O mestre de Moxon (1899) explora os perigos da inteligência artificial, e A coisa maldita (1893) considera criativamente o espectro de cores e os limites da percepção humana.
Há histórias que também fazem experimentação com a narrativa não cronológica como O dedo médio do pé direito (1890), que dá nome à coletânea, e Um vigilante junto ao morto (1889). O livro inclui ainda alguns dos contos mais conhecidos da carreira de Bierce, fazendo a ponte entre dois séculos. Incidente na ponte de Owl Creek está entre as histórias mais compiladas da literatura americana do século 19.
Nascido em Ohio em 1842, Ambrose Bierce atingiu a maioridade exatamente a tempo de participar de um dos episódios mais terríveis da história dos Estados Unidos, a Guerra Civil (1861-1865).
Além de suas ficções, baseadas na Guerra, inovadoras em seu realismo e cinismo, o escritor também foi o pioneiro do gênero de ficção especulativa. Começando com O vale assombrado, em 1871, ele passou a escrever histórias góticas retratando loucura, assassinato, fantasmas, viagens no tempo, desaparecimentos inexplicáveis e vozes do além.
Aos 72 anos, encarou sua última aventura em 1913. Ao final do outono, atravessou a fronteira e entrou no México revolucionário, aparentemente buscando um final violento como alternativa para a velhice. O escritor, então, desapareceu sem deixar vestígios.