(17/12/20)
Fora de catálogo há 50 anos, o romance Dona Bárbara, do venezuelano Rómulo Gallegos, volta ao mercado brasileiro em edição da recém-lançada Pinard, que viabilizou a publicação por meio de um financiamento coletivo. A última edição do romance no Brasil foi publicada em 1970, com tradução de Jorge Amado. A nova edição conta com tradução de André Aires e ilustrações da designer Luísa Zardo.
Comparado a Machado de Assis, o escritor venezuelano Rómulo Gallegos se tornou um dos principais nomes da literatura latino-americana. Lançado originalmente em 1929, Dona Bárbara é considerado a obra-prima do autor. O livro faz uma crítica ao confronto entre os mundos civilizado e o bárbaro, este último que insiste em permanecer vivo por meio de violentas tradições.
O cenário do livro é a Venezuela rural e o enredo foca no conflito entre diferentes famílias ao longo de várias gerações. A personagem principal é uma mulher bela e inteligente, que corrompe a todos com o objetivo de enriquecer e tomar o poder da região.
Para além do protagonismo feminino, a obra chama a atenção por trazer questões que ainda são bastante atuais na América Latina. Entre elas estão a disputa entre antigos latifundiários e pequenos agricultores, conflitos geracionais, choque entre costumes tradicionais e a educação formal, violência contra mulher e racismo.
Rómulo Gallegos nasceu em 1884 na atual capital venezuelana, Caracas. Apesar de ter origens humildes, chegou a cursar Direito na Universidade Central da Venezuela — a melhor instituição de ensino superior do país.
Após alguns anos, abandonou o curso para fundar a revista literária La Alborada. Começou a dar aula de literatura em 1912, tornando-se diretor em diferentes centros de ensino. Ao mesmo tempo, lançou coletâneas de contos e romances, somando 17 obras literárias publicadas. Seu sucesso definitivo veio com a publicação de Dona Bárbara em 1929. Por causa da perseguição política, exilou-se na Espanha, vivendo lá entre 1931 e 1935. Ao voltar para a Venezuela, abandonou a literatura para se tornar ativo na política, chegando a ser eleito presidente do país em 1948. Morreu em 1969, com 84 anos, em Caracas.