No dia 6 de agosto de 1945, há 80 anos, os Estados Unidos lançaram a bomba atômica sobre Hiroshima, devastando a cidade e matando dezenas de milhares de pessoas. Entre os sobreviventes estava o escritor Tamiki Hara (1905-1951), que transformou a experiência em literatura. Seu relato está reunido em Flores de verão, clássico da literatura japonesa do século 20 que chega pela primeira vez ao Brasil, com tradução direta do japonês feita por Jefferson José Teixeira.
Considerado pelo Nobel Kenzaburo Oe o melhor testemunho literário sobre o horror da explosão, o livro reúne quatro textos fundamentais: Prelúdio à destruição, sobre os meses anteriores à tragédia; Flores de verão, relato direto do dia da explosão; A partir das ruÃnas, que descreve a vida entre os escombros; e O paÃs do meu mais sincero desejo, reflexão escrita em 1951, pouco antes de Hara dar fim à própria vida. A edição inclui ainda imagens históricas de Hiroshima destruÃda, cedidas pelo Museu Memorial da Paz e pela Força Armada Americana.
Hara sobreviveu por acaso — estava no banheiro no momento da detonação — e caminhou pelas ruas logo após o clarão fatal, registrando cenas de dor e desespero. Seu testemunho tornou-se um marco da Genbaku bungaku, a literatura da bomba atômica, corrente que, décadas mais tarde, ganharia projeção mundial.
Sobre o autor
Tamiki Hara nasceu em Hiroshima, em 1905, e começou a publicar nos anos 1930. Após perder a esposa, voltou à cidade natal, onde sobreviveu à explosão atômica. Seus textos inaugurais sobre a tragédia lhe renderam prêmios e reconhecimento. Em 1951, sob o impacto da Guerra da Coreia, suicidou-se. Hoje, sua obra é estudada nas escolas japonesas e ocupa lugar central no cânone literário do paÃs.