A partir de memórias pessoais, documentos e entrevistas, Mariana Colasanti reconstitui a vida de sua tia-avó, a cantora lírica italiana Gabriella Bensazoni, em seu mais recente livro, Vozes de batalha, publicado pelo selo Tusquets, da editora Planeta.
O livro mistura memória e ficção para contar como Gabriella, entre tantas turnês mundiais, escolheu o Rio de Janeiro para criar raízes. Em 1925, ela casa-se com o empresário brasileiro Henrique Lage, fã de ópera e música, e um dos homens mais ricos do país à época.
Juntos, conceberam a famosa mansão do Parque Lage, um dos maiores cartões-postais da cidade, e ajudaram a moldar um efervescente cenário cultural na capital federal da primeira metade do século 20.
Filha de Manfredo e neta de Arduino — irmão de Gabriella —, Marina Colasanti mudou-se para o Rio de Janeiro em 1948, após o fim da Segunda Guerra Mundial. Quando aqui chegou, foi morar na Villa Gabriella, palacete que Henrique havia construído para sua amada.
Na época, o magnata brasileiro já havia falecido e Gabriella e outros herdeiros encaravam o começo de uma longa batalha judicial pelo espólio, que envolvia importantes agentes do país e terminaria por forçar a volta de Gabriella para a Itália anos depois.
A autora relata em detalhes a vida de solteira da tia-avó, em turnê pelo mundo como contralto — Carmen era seu grande papel —, a trajetória de Henrique e sua família, a vida do casal, a viuvez de Gabriella, a construção da residência e o encantamento que teve ao ver pela primeira sua tia-avó, a qual chamava de tia, uma mulher à frente de seu tempo.
Marina Colasanti nasceu em 1937 na cidade de Asmara, capital da Eritreia. Residiu em Trípoli, na Líbia, mudou-se para a Itália e, em 1948, transferiu-se com a família para o Brasil, onde vive até hoje, na cidade do Rio de Janeiro.
Artista plástica, atuou como jornalista, apresentadora de televisão, publicitária e tradutora. Publicou mais de 60 livros, nos gêneros conto, crônica, poesia e ensaio, além de infantojuvenis. É uma das mais premiadas escritoras brasileiras.