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01/08/2014

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O beijo de Schiller
Cezar Tridapalli
Arte & Letra
274 págs.

Batalha interior
Emílio Meister é autocentrado, narcisista e repleto de máscaras. E escritor. O livro no qual está trabalhando apresenta Luka, um jovem de 25 anos perturbadoramente virgem, mas arrastado por ondas de erotismo e por uma impulsão obsessiva pela vida saudável. Já no plano real, o soberbo Meister é sequestrado por um pivete, experiência que o levará ao rompimento de todas as aparências de sua vida e a remoção de suas máscaras. Levando à própria casa pelo infante sequestrador, tem a oportunidade de chamar a polícia, mas não o faz; ao contrário, passa a conviver com o garoto, rompendo mistificações que o perturbavam e remodelando seu cotidiano. No absurdo dessas duas histórias, o escritor-narrador se confronta com seus mitos e surge um quebra-cabeça em que as peças não se encaixam de modo adequado, repleto de devaneios e concepções diversas. Romance vencedor do Prêmio Minas Gerais de Literatura 2013.

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Tango, com violino
Eduardo Alves da Costa
Tordesilhas
352 págs.

Salto transcendental
Abelino é um professor de história da arte aposentado. Vive em um pequeno hotel localizado em um bairro decadente da cidade de São Paulo (SP). Envelheceu de repente, quando se deu conta de que poderia viajar gratuitamente nos ônibus municipais. Desenvolveu, então, o hábito de pegar ônibus ao acaso, sem saber para onde vai, na esperança de que a viagem lhe mostre algo inusitado. Com isso, a banalidade do cotidiano de um professor aposentado se transforma numa aventura frenética e passageira, na qual cada contato humano e paisagem têm sua devida importância. Movido pela visão, audição e memórias sobre o passado e o que acontece à sua volta, em todo ônibus vive um universo possível, fugaz, que se desfaz a cada término de viagem e ressurge na próxima, escapando do “isolamento irremediável e definitivo”. A velhice, aqui, não encarna a doença ou a depressão, mas um distanciamento irônico em relação ao mundo, à sociedade — e sobretudo a si mesmo.

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O inferno são os outros
José Valdemar de Oliveira
Imprensa Oficial Graciliano Ramos
194 págs.

Fantasmas
Dividido entre O inferno e Os outros, somos apresentados ao pai que costumava trancar os filhos dentro de um cubículo escuro, onde armazenava o estoque da taberna, repleto de grades de bebidas, sacos de açúcar, ratos e baratas. Quando a porta se abria novamente, estava lá a figura paterna com a bainha da faca na mão. Mãe, avó, Jesus, Deus: todos impotentes ante a cólera do pai, que penalizava qualquer coisa que lhe tirasse a paciência. A narrativa se desenvolve na terceira pessoa e na mente perturbada do narrador traumatizado, que logo anuncia: “Vou enlouquecer. Não vou aguentar. Que agonia”. Estigmas, segregações, segredos, transgressões clandestinas, alívios íntimos, sexualidades implícitas e fracassos fadados permeiam a trama. No ápice do desespero e após revisitar toda danação dos anos passados, o bilhete suicida. Antes, claro, um banho: não é admissível se tornar um defunto sujo de suor, fétido. O fim não é tão fácil, porém. Romance selecionado pelo Programa de Incentivo à Cultura Literária 2013, de Alagoas.

Rascunho