A 15ª Bienal Internacional do Livro de Pernambuco encerrou neste domingo (12) uma edição marcante, que celebrou 30 anos de história com recorde de público e de vendas. Durante dez dias, o Centro de Convenções de Pernambuco, em Olinda, recebeu mais de 300 mil visitantes e movimentou mais de R$ 30 milhões em vendas e negócios, consolidando-se como o maior evento literário do Nordeste e o terceiro do país.
Sob o tema “Ler é sentir cada palavra”, a edição de 2025 se destacou pela diversidade de autores, pela força do mercado editorial regional e pela ampliação das ações de acessibilidade e sustentabilidade. Foram 600 editoras participantes, incluindo estreias de grandes casas como a Companhia das Letras e de editoras internacionais, além de 420 horas de programação, com debates, lançamentos e oficinas.
Autores, leitores e negócios em expansão
A procura intensa levou a organização a criar um novo espaço — o auditório Conversas ViaOmar — para atender à demanda por encontros com nomes como Mia Couto, Raphael Montes e Mih Tanino.
Editoras de diferentes perfis comemoraram o desempenho. A editora Fruto Proibido, do Rio de Janeiro, esgotou seus principais títulos no primeiro fim de semana. “Escolhemos Pernambuco por ser muito pedida pelo nosso público. A experiência foi surpreendente, tanto pela organização quanto pelo carinho dos leitores”, disse a CEO Simone Souza.
No estande do Grupo Aleph, referência em ficção científica, o movimento superou as expectativas. “O público evoluiu bastante desde 2019, mais aberto à leitura de ficção científica”, destacou Lidiana Pessoa, consultora comercial.
O Espaço Leia Mais, voltado a autores independentes, registrou resultados expressivos. “Nosso foco é dar visibilidade a quem não tem o apoio de grandes editoras. A interação entre autores e leitores impulsionou as vendas e enriqueceu o evento”, afirmou Cilene Lima, idealizadora do projeto.
Inclusão e representatividade
A programação incluiu debates sobre literatura negra, realismo mágico, regionalismo, fantasia e o mercado contemporâneo. Entre os convidados, estiveram Itamar Vieira Junior, Aline Bei, Raimundo Carrero, Daniel Munduruku e Raphael Montes.
A Bienalzinha, voltada ao público infantojuvenil, foi ampliada e contou com 135 horas de atividades educativas e lúdicas. Também ganhou destaque o Lugar de Acesso, espaço dedicado à inclusão e ao diálogo sobre acessibilidade no campo literário e pedagógico, com dois núcleos: o ponto de encontro — para debates, oficinas e literatura inclusiva — e o espaço de acolhimento, voltado a pessoas neurodivergentes.
O evento contou ainda com intérpretes de Libras, visitas guiadas com audiodescrição, rampas e corredores adaptados, além de cadeiras de rodas disponibilizadas gratuitamente.
Sustentabilidade e inovação
Pioneira entre as feiras literárias brasileiras, a Bienal tornou-se o primeiro evento literário carbono zero do país, com neutralização certificada pela Novo Olhar Sustentabilidade. As ações de compensação incluem o plantio de mudas de mangue-vermelho no estuário do rio Maracaípe, em parceria com o Projeto Remanguezar.
O público também aderiu ao cashback literário, que devolveu parte do valor do ingresso em crédito para a compra de livros. A iniciativa, realizada em parceria com a fintech Zig, impulsionou as vendas, segundo expositores como a Livraria Bereia e a Paulus.
Espaço para independentes
Entre os espaços mais visitados, a Mostra de Publicações Independentes (MOPI) reuniu editoras autorais de Pernambuco e de outros estados. “Tivemos um salto qualitativo e quantitativo. Foi a melhor edição até agora”, avaliou Rodrigo Acioly, curador da mostra.
Autores independentes também celebraram o resultado. “Nosso propósito é aproximar o autor do leitor. A receptividade dos pernambucanos foi incrível”, disse o escritor Well Morais, do Ceará. Já a escritora Fernanda Martins, do Rio Grande do Norte, encantou o público com a saga infantojuvenil Vagary.
Um marco de três décadas
A Bienal é realizada com incentivo da Lei Rouanet, patrocínio premium da Petrobras e apoio do Banco do Nordeste do Brasil, Itaú Unibanco, Sesc, Sebrae, Sudene, Odilo e das secretarias de Educação do Recife e de Pernambuco. A produção é da Cia de Eventos, Ideação e Vox Produções.
“Esta Bienal superou todas as nossas expectativas. É um evento que reafirma o papel do livro como instrumento de encontro e emoção”, afirmou o produtor Rogério Robalinho, que coordena o evento ao lado de Guilherme Robalinho, Silvinha Robalinho e Sidney Nicéas.
Com três décadas de trajetória, a Bienal Internacional do Livro de Pernambuco reforça sua vocação de unir cultura, diversidade e inovação — celebrando, a cada edição, a força transformadora da leitura.