Durante a pandemia da Covid-19, o baiano Aleilton Fonseca escreveu um longo poema que narra a trajetória do coronavírus pelo planeta, de janeiro até setembro de 2020. A Terra em pandemia, publicado pela Mondrongo, estrutura-se em cinco cantos: O enterro dos mortos, Um jogo de cartas, A Terra em pandemia, O desfile das infâmias e Canto final.
São 620 versos, em 62 estrofes. De forma cronológica, registra aspectos tristes e emocionantes da pandemia no Brasil e no mundo. O livro dialoga com o famoso poema The waste land (1922), de T.S. Eliot, ao descrever a terra devastada pela doença e pela dor, em que o sofrimento e o luto levam o poeta a refletir sobre as estruturas podres de um mundo enfermo, que não respeita as regras da natureza e por isso se encontra condenado pela crise ecológica e pelas desigualdades sociais.
O poema convoca e cita diversas vozes de poetas e filósofos históricos como Ovídio, Platão, Dante Alighieri, William Shakespeare, Cervantes, Camões, Descartes, Charles Baudelaire, Stéphane Mallarmé, Carlos Drummond de Andrade, Ferreira Gullar e Patativa do Assaré, entre outros.
Há também várias passagens originais em inglês, alemão, francês, espanhol, italiano, chinês catalão, japonês e até em árabe, grego, latim e sânscrito, tudo traduzido e explicado em 62 notas de rodapé.