(30/11/20)
O caderno “Babelia”, do jornal espanhol El País, destaca em sua edição mais recente uma espécie de “onda” de livros e autores de ficção científica latino-americana. A reportagem, assinada por Camila Osorio e David Marcial Pérez, mostra como, após ser eclipsada pelo sucesso do Realismo Mágico, a ficção-científica ganhou nos últimos anos um espaço mais digno entre vários autores e editoras que até recentemente se dedicavam apenas ao realismo — ou que consideravam o gênero como algo só para jovens.
“Nos últimos cinco anos, pelo menos, temos feito um esforço maior para divulgar o catálogo de ficção científica”, diz Eloísa Nava, editora da Random House no México.
O texto destaca Mugre rosa, novo romance distópico da uruguaia Fernanda Trías, que imagina uma Montevidéu com um cenário muito parecido com o que se vive hoje nas maiores cidades do mundo: pessoas com máscaras nas ruas, pobres trancados em casa e ricos isolados em residências luxuosas fora da cidade.
O romance de Trías, diz o texto, é apenas um exemplo entre vários livros distópicos preocupados com o futuro do planeta e que saíram no ano passado em editoras como Random, Alfaguara, Periférica, Planeta ou Almadia.
E cita outros títulos, como Tejer la silencio, o último romance do mexicano Emiliano Monge, que imagina um mundo em 2033 no qual não teremos mais camada de ozônio e o calor fervente dobrará os seres humanos em dois; Sinfín, do argentino Martín Caparrós, em que grande parte dos seres humanos em 2070 já terá atingido a imortalidade; e ainda Água, do colombiano Juan Álvarez, que avança por volta de 2232 e onde a água é escassa em grande parte das terras. Não há nenhum livro brasileiro entre os citados na reportagem.
Editores explicam que o sucesso das séries de ficção-científica e fantasia da HBO, Netflix e Amazon entre o público, atraiu a atenção das editoras para esses temas frequentemente preteridos.