No livro Autobiografia do vermelho, lançado pela Editora 34, Anne Carson utiliza diferentes gêneros literários ao imaginar Gerião, um monstro da mitologia grega, nos tempos atuais. A tradução é de Ismar Tirelli Neto e o texto de orelha é assinado pela poeta Marília Garcia, segunda convidada do Paiol Literário deste ano.
Nesse exercício de recriação, no qual as variadas formas narrativas da obra conversam com os impasses do personagem central, a autora canadense — notória estudiosa da mitologia grega — situa Gerião em algum momento do século 20, na figura de um rapaz sensível e reservado.
A partir dessa premissa, o monstro vermelho não irá mais confrontar Héracles (ou Hércules), mas ter com o herói uma relação amorosa. “A narrativa parte da infância de Gerião, com a mãe e o irmão, passa por experiências traumáticas, descobertas e a paixão infeliz por Héracles”, explica Marília no texto de orelha.
“Depois, o protagonista já adulto faz uma viagem solitária para a Argentina, onde acaba reencontrando Héracles, que tem um novo namorado”, continua, lembrando que “a autobiografia é contada a partir de fatos, mas também de imagens, flashes e fotografias vermelhas que o personagem revela”.
Anne Carson nasceu em Toronto, no Canadá, em 1950. Além de escrever ficção, dá aulas de grego antigo e já ganhou inúmeros prêmios importantes — as bolsas Guggenheim e MacArthur são dois deles. O método Albertine, um de seus livros, recebeu comentários negativos na edição de junho de 2017 do Rascunho.