
Morreu hoje, Ă s 2 horas,  aos 88 anos de idade, na cidade espanhola de Sevilha, o poeta e acadĂŞmico LĂŞdo Ivo, ocupante da cadeira  nº 10 da Academia Brasileira de Letras, que assumiu em  1986, na  sucessĂŁo de OrĂgenes Lessa. LĂŞdo Ivo foi vĂtima de um infarto e morreu nos braços do filho, o artista plástico Gonçalo Ivo, que vive em Paris e o acompanhava na visita a Sevilha. O corpo do acadĂŞmico deverá ser cremado, e as cinzas trasladadas ao Rio.
Logo ao tomar conhecimento da morte do confrade, a Presidente da ABL, Ana Maria Machado,  determinou que a bandeira da  Academia  fosse hasteada a meio mastro. E convocou para  o dia 10 de janeiro sessĂŁo acadĂŞmica extraordinária. “Poeta e ficcionista versátil, de obra variada que abarcava vários gĂŞneros — disse Ana Maria Machado —,  LĂŞdo Ivo gozava de uma vitalidade assombrosa para seus quase noventa anos e sua saĂşde frágil. Falava alto, gostava de comer bem, se esmerava em contar histĂłrias divertidas. Nos últimos tempos, essa disposição estava sendo comprovada o tempo todo, nas sucessivas viagens que se multiplicavam , fossem para participar de festivais internacionais de poesia, fossem para receber homenagens no exterior, sobretudo nos paĂses de lĂngua hispânica. ”
LĂŞdo Ivo foi o quinto ocupante da Cadeira nÂş 10, eleito em 13 de novembro 1986, na sucessĂŁo de OrĂgenes Lessa e recebido em 7 de abril de 1987 pelo acadĂŞmico Dom Marcos Barbosa. Recebeu os acadĂŞmicos Geraldo França de Lima, NĂ©lida Piñon e Sábato Magaldi.
Nasceu no dia 18 de fevereiro de 1924, em MaceiĂł (AL), filho de Floriano Ivo e EurĂdice Plácido de AraĂşjo Ivo. Casado com Maria LĂŞda Sarmento de Medeiros Ivo (1923-2004), teve trĂŞs filhos. Fez os cursos primário e secundário em sua cidade natal. Em 1940, transferiu-se para o Recife, onde ocorreu sua primeira formação cultural. Em 1941, participou do I Congresso de Poesia do Recife. Em 1943 transferiu-se para o Rio de Janeiro e se  matriculou na Faculdade Nacional de Direito da Universidade do Brasil, pela qual se formou. Passou a colaborar em suplementos literários e a trabalhar na imprensa carioca, como jornalista profissional.
Em 1944, estreou na literatura com As imaginações, poesia, e no ano seguinte publicou Ode e elegia, distinguido com o Prêmio Olavo Bilac, da Academia Brasileira de Letras. Nos anos subseqüentes, sua obra literária avoluma-se
com a publicação de livros de poesia, romance, conto, crônica e ensaio. Em 1947, seu romance de estréia As alianças mereceu o Prêmio de Romance da Fundação Graça Aranha. Em 1949, pronunciou, no Museu de Arte Moderna de São Paulo, a conferência “A geração de 1945”. Nesse ano, formou-se pela Faculdade Nacional de Direito, mas nunca advogou, preferindo continuar exercendo o jornalismo.
No inĂcio de 1953, foi morar em Paris. Visitou vários paĂses da Europa e, em fins de 1954, retornou ao Brasil, reiniciando suas atividades literárias e jornalĂsticas. Ao seu livro de crĂ´nicas A cidade e os dias (1957) foi atribuĂdo o PrĂŞmio Carlos de Laet, da Academia Brasileira de Letras. Como memorialista, publicou Confissões de um poeta (1979), agraciado com o PrĂŞmio de MemĂłria da Fundação Cultural do Distrito Federal, e O aluno relapso (1991).
Leia aqui o Inquérito com Lêdo Ivo, publicado no Rascunho de outubro passado.