Após doze anos sem publicar inéditos, Adélia Prado volta às livrarias com O jardim das oliveiras, que reúne 105 poemas. O lançamento marca a comemoração dos 90 anos da autora, que completa a data em 13 de dezembro de 2025, e celebra também as conquistas recentes: em 2024, a poeta mineira recebeu o Prêmio Camões e o Prêmio Machado de Assis, os mais importantes da literatura em língua portuguesa e no Brasil.
Na orelha do livro, o poeta Marco Lucchesi escreve que Adélia “venceu o áspero deserto, o abismo do silêncio e a rude escuridão” da escrita para conceber a nova obra. Com capa assinada pelo designer Leonardo Iaccarino sobre a tela Cactus (1983), da artista mineira Fani Bracher, o volume apresenta poemas que retomam e reinventam os temas centrais da trajetória da autora: o embate entre luz e sombra, fé e dúvida, poesia e silêncio.
Nos versos, o sagrado e o cotidiano se entrelaçam, revelando a vigília poética de Adélia: “era Deus quem doía em mim”, escreve em um dos trechos mais marcantes. O livro ecoa diálogos com a própria história literária da autora, de Bagagem (sua estreia, em 1976) até o amadurecimento atual, num movimento que une rigor formal, clareza lírica e compaixão pela condição humana.
Trajetória
Nascida em Divinópolis (MG), em 1935, Adélia Prado começou a escrever ainda adolescente, após a morte da mãe. Foi descoberta por Carlos Drummond de Andrade, que considerou seus poemas “fenomenais” e os recomendou à editora Imago, responsável por publicar seu primeiro livro, Bagagem, em 1976. Desde então, construiu uma obra que se tornou referência na literatura brasileira, transitando entre poesia, contos, romances, literatura infantil e teatro.
Além do Camões e do Machado de Assis, recebeu o Griffin Poetry Prize, o Jabuti e o Prêmio da Biblioteca Nacional. Em 2014, foi condecorada pelo Governo Brasileiro com a Ordem do Mérito Cultural.