🔓 A rosa do povo – Eu Recomendo

A culpa é de Antonio Cicero. Com Silviano Santiago, o poeta e filósofo fez a abertura da Flip de 2012, em homenagem a Carlos Drummond de Andrade
O poeta Carlos Drummond de Andrade, autor de “O poder ultrajovem”
03/06/2014

A culpa é de Antonio Cicero. Com Silviano Santiago, o poeta e filósofo fez a abertura da Flip de 2012, em homenagem a Carlos Drummond de Andrade. E o vi desembrulhando, estrofe por estrofe, com admiração, contexto, cuidado, o poema A flor e a náusea, do livro A rosa do povo. Desde então, esse livro é meu quarto escuro. Quando entro, ele me revela: é a própria flor que nasceu no asfalto. Nele, há poemas socialmente engajados que não perdem o lirismo pela denúncia. Há poemas que são crônicas de pé e, ainda assim, não se consegue dizer que não são poesia (por exemplo, Morte do leiteiro). Crônica e poesia são mesmo parentes próximas, ligeiramente afastadas pela forma. Têm pontos de partida semelhantes, com vocação de inaugurar um olhar sobre as coisas do mundo; de guardar a percepção de um tempo em um extremo de sensibilidade que dificilmente as ciências humanas alcançam. A rosa do povo, publicado 29 anos antes de eu ter nascido, me reinaugura a cada vez que leio.

André Argolo

É jornalista e pós-graduado em Formação de Escritores pelo ISE Vera Cruz (São Paulo). Autor do livro de poemas Vento sudoeste.

Rascunho