No romance A mulher das dunas, lançado pela Estação Liberdade, Kobo Abe constrói uma narrativa pautada na estranheza e no absurdo, na qual um colecionador de insetos se vê encurralado em uma casa, obrigado a trabalhar incessantemente para que ela não seja engolida pela areia.
“Era uma completa repetição que chegava a ser aterradora. E, ainda que se tratasse de uma repetição tão indispensável à vida como as batidas do coração, é também fato que as batidas do coração não são tudo na vida”, diz trecho da obra, em uma demonstração de como são as “sacadas” de Abe.
Adaptada para o cinema em 1964, a obra é festejada por público e crítica. Para o The Guardian, trata-se de uma “metáfora da condição humana”. Já de acordo com o The New York Times, “aqui está a crueldade, a estupidez, a sujeira, uma variedade de primitivas atividades físicas bem repulsivas em seu frenesi”.
Kobo Abe nasceu em Tóquio, no Japão, em 1924. Publicou obras em diversos gêneros e ficou conhecido por usar o absurdo e o surrealismo para criar metáforas da vida moderna. Ganhou alguns dos principais prêmios de seu país, como o Akutagawa, o Yomiuri e o Tanizaki. Morreu na capital japonesa, em 1993.