🔓 Vidraça #259

Notas sobre literatura e o mercado editorial
Fotos: Divulgação
01/11/2021

Gurnah chegando
Abdulrazak Gurnah, o tanzaniano Nobel de Literatura deste ano, que permanecia sem editora no Brasil até ser premiado pela Academia Sueca, agora já tem casa por aqui. A Companhia das Letras anunciou que irá publicar quatro livros do escritor em 2022. Como fez com Louise Glück (2020), Svetlana Alexievich (2015), tão logo o nome de Gurnah foi divulgado, a editora correu para adquirir os direitos para publicá-lo no Brasil. Segundo comunicado da Companhia, os títulos previstos são: Afterlives (o mais recente), By the sea (2001), Paradise (1994) e Desertion (2005).

É a Penny Hancock
E por falar em autores inéditos no Brasil, a inglesa Penny Hancock, finalmente, desembarca por aqui. Eu nem sei quem você é, publicado originalmente em 2019, é o primeiro, dos seus quatro romances, a ser vertido para o português. Narrando a história de um conflito entre os filhos de duas amigas inseparáveis, o livro é um drama eletrizante e comovente, que coloca em xeque as noções sobre lealdade e rivalidade. Com tradução de Davi Boaventura, o romance sai pela Dublinense.

O passado revivido
Com um enredo que faz o Brasil de séculos passados parecer o país que vemos no noticiário de hoje, Homens cordiais, novo romance de Samir Machado de Machado, retoma os personagens de Homens elegantes, seu livro anterior, para criar uma narrativa cheia de aventuras e intrigas.

Cazuza de novo
O jornalista Luiz Felipe Carneiro, do canal Alta Fidelidade, está preparando uma nova biografia sobre o cantor e compositor Cazuza. O livro, que conta com o aval da família do ex-líder do Barão Vermelho, deve ser publicada em 2022. Ainda não há informações sobre a editora que irá encampar o projeto. Carneiro é autor de Rock in Rio, sobre a história do maior festival de música do país.

Luto na tradução
Na primeira semana de outubro, o Brasil perdeu dois dos seus mais importantes tradutores. Ivo Barroso, responsável por verter para o português obras de Umberto Eco, Edgar Allan Poe, André Gide e Italo Calvino, morreu no dia 5, aos 91 anos. Bernardina da Silveira Pinheiro, autora da segunda tradução em português de Ulisses, de James Joyce, morreu aos 99 anos, dois dias depois de Barroso, em 7 de outubro, vítima de pneumonia. Pela tradução do clássico de Joyce, a professora Bernardina recebeu, em 2006, o Prêmio Jabuti.

Breves

• Milton Hatoum participa no dia 17, a partir das 18h30, da Festa das Linguagens (Flim), do colégio Medianeira, de Curitiba. O evento é gratuito e online: colegiomedianeira.g12.br.

• Marco Severo publica pela Moinhos seu novo livro. O silêncio daqueles que vencem as guerras é composto por 19 contos que, apesar de independentes, articulam um fio condutor que pretende levar o leitor a uma viagem no tempo e no espaço.

• A Yellowfante, selo do grupo Autêntica, publicará uma antologia de João Anzanello Carrascoza. O mínino imenso tem organização de Juliana Galvão.

• Sempre favorita ao Nobel, Anne Carson terá seu livro de memórias, Autobiografia do vermelho, publicado pela Editora 34.

• Com tradução de Denise Bottmann, a L&PM publica sua edição de 1984, clássico de George Orwell que entrou em domínio público neste ano.

• Sally Rooney, autora de Pessoas normais, recusou a tradução para o hebraico de seu novo romance, Belo mundo, onde você está. A razão é o apoio da escritora ao povo palestino.

Jonatan Silva

É jornalista e escritor, autor de O estado das coisas e Histórias mínimas.

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