Meu querido amigo, o poeta Marcos Vinícius Melo (Chuvas e luas, entre outros), leitor dessa modesta coluna, me alerta para uma matéria publicada no site do G1 da Zona da Mata, em 23 de julho de 2015, intitulada Escola de MG tem registro de futebol antes da chegada de Charles Miller. Sim, boquiaberto (a) leitor (a), documentos encontrados nos arquivos do Instituto Metodista Granbery, de Juiz de Fora (MG), atestariam que houve uma partida de futebol no dia 24 de junho de 1893 entre alunos daquela instituição, portanto dois anos antes do jogo que é considerado o primeiro da história do esporte no Brasil, entre funcionários da Companhia de Gás e da São Paulo Railway, em 14 de abril de 1895.
A descoberta deve-se a Hegliuson Toledo. Em 1999, o hoje doutor em Educação Física fazia mestrado sobre a história do esporte em Juiz de Fora, quando, pesquisando nos arquivos do Granbery, instituição fundada em 1890, Toledo se deparou com duas instigantes citações no Livro de Matrículas referente ao ano de 1893, feitas pelo então reitor, John McPhearson Lander. Na primeira, ele menciona a introdução de “foot-ball e tennis” no Granbery. O registro seguinte, datado de 24 de junho, fala da realização do “field day”, um evento com várias competições de atletismo, críquete e uma partida de “foot-ball” entre dois times formados por estudantes, denominados Gregos e Troianos.
Em entrevista a Bruno Ribeiro, autor da matéria, Toledo afirma que, depois de consultar os arquivos do Granbery, encontrou no jornal O Pharol, de 23 de junho de 1893, um texto escrito por Lander conclamando o público a participar do “field day”.
A ausência de súmula, fotos ou objetos, e mesmo a confusão do termo “foot-ball”, que poderia se referir à modalidade praticada nos Estados Unidos, terra de Lander, teria sido desfeita por meio de uma carta escrita pela filha do reitor, quase um século depois, indicando que se tratava mesmo do esporte criado na Inglaterra.
Fica, aqui, anotado…
Luz na escuridão
André de Leones, romancista:
“A gênese dos romances que escrevo vai se tornando cada vez mais confusa. Antes, uma ideia me ocorria, eu a destrinchava por alguns meses nos meus cadernos, bolava uma estrutura mínima e os traços gerais dos personagens, e começava a escrever a narrativa. Hoje, coisas antigas e recentes se misturam. Uma das primeiras histórias que escrevi, ali por 2003, chama-se Paz na terra entre os monstros. Foi publicada no meu segundo livro, homônimo. É um conto sobre dois pistoleiros, pai e filha. Vários anos depois, em 2018, após o longo e complicado processo de escrita do meu romance Eufrates (José Olympio), senti vontade de criar algo mais direto, um misto de faroeste goiano e narrativa noir — um ‘pequi noir’. E, quando dei por mim, os personagens que invadiram o meu escritório exigindo o protagonismo eram justamente aquele pai e aquela filha. Eles são assassinos em uma república de assassinos. Embora Vento de queimada se passe no começo dos anos 1980, creio que a história é bastante atual. Se tudo der certo, o romance será lançado em 2022”.
Parachoque de caminhão
“Em tempos de guerra, a palavra ‘patriotismo’ é apenas sinônimo de supressão da verdade.”
Siegfried Sassoon (1886-1967)
Antologia pessoal da poesia brasileira
Adão Ventura
(Santo Antônio do Itambé, MG, 1939 – Belo Horizonte, MG, 2004)
Negro forro
minha carta de alforria
não me deu fazendas,
nem dinheiro no banco,
nem bigodes retorcidos.
minha carta de alforria
costurou meus passos
aos corredores da noite
de minha pele.
(A cor da pele, 1980)