Uma conversa no Jardim Botânico de Lisboa, com Maurício Vieira, que cita Pessoa, através de Caeiro, que lê o Livro (Maior) da Natureza, de uma forma singular: “a luz do sol vale mais que os pensamentos/ De todos os filósofos e de todos os poetas”. (…) “É preciso também não ter filosofia nenhuma./ Com filosofia não há árvores: há ideias apenas.”
É inegável que perdemos o contato com este livro maior. Não precisamos ser nenhum expert no assunto, cientista, ambientalista, professores das escolas públicas, que trazem o tema a todo momento. Perdemos um contato de harmonia, de comunhão, que ainda subsistem em algumas pequenas culturas aborígenes.
O ser humano — parte de uma natureza outra, que não aquela que regula a perfeição do planeta — vocifera diariamente a importância da preservação dos habitats naturais, do equilíbrio do aquecimento global; diz da extinção de várias espécies animais e de outros seres vivos.
Se já passamos o ponto do retorno aos tempos mais harmoniosos, onde havia o tempo das chuvas, das colheitas, da fartura e das intempéries várias, que também fazem parte do fino fio do equilíbrio, isso não sabemos.
Contudo, o ponto de retorno deste ser, que se quer humano, mas que se olha no espelho com o poder de ser quem manda (pelo menos tem esta ilusão), ainda necessita de uma grande caminhada, talvez na direção de uma Natureza não religiosa, mas tratando o sol, a chuva e as suas águas, o ar que respiramos, os seres vivos, e por extensão, ele próprio, como deuses, resgatar o seu ser aborígene.
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