Lourenço Mutarelli nasceu em 1964, em São Paulo (SP). É escritor, artista gráfico, roteirista e ator. Publicou diversos álbuns de histórias em quadrinhos. O cheiro do ralo, seu primeiro romance, foi lançado em 2002 e virou filme, dirigido por Heitor Dhalia. É autor de A arte de produzir efeito sem causa, Miguel e os demônios, Nada me faltará, O natimorto, entre outros.
• Quando se deu conta de que queria ser escritor?
Fiquei muito impressionado com a aceitação de O cheiro do ralo, que é meu primeiro livro, e muito fascinado com o desafio. Acho que foi a partir daí. Só comecei a me sentir realmente escritor a partir da Arte de produzir efeito sem causa, pois foi o livro mais trabalhoso até então.
• Quais são suas manias e obsessões literárias?
Uma das manias é colecionar pequenas ideias que podem se transformar num romance. Não sei qual é a minha obsessão literária.
• Que leitura é imprescindível no seu dia-a-dia?
Eu gosto muito do dicionário analógico quando estou escrevendo.
• Se pudesse recomendar um livro à presidente Dilma, qual seria?
Puta merda. Eu acho a leitura muito subjetiva, sempre que indico um livro, digo isso. Não sei o que indicar.
• Quais são as circunstâncias ideais para escrever?
Tempo e a minha casa.
• Quais são as circunstâncias ideais de leitura?
O calor me incomoda muito. Nos dias menos quentes, entro mais fácil num livro.
• O que considera um dia de trabalho produtivo?
Os dias em que, mesmo que não produza muito, eu perceba que o que escrevi está na mesma cadência do que estou escrevendo.
• O que lhe dá mais prazer no processo de escrita?
Gosto muito da parte em que pesquiso, em que penso e principalmente quando começo um livro e ele flui.
• Qual o maior inimigo de um escritor?
Acho que as interferências sonoras.
• O que mais lhe incomoda no meio literário?
Me sinto muito à vontade nesse meio. Não lembro nada que me incomode muito, não.
• Um autor em quem se deveria prestar mais atenção.
Valêncio Xavier.
• Um livro imprescindível e um descartável.
Como disse, acho muito subjetivo.
• Que defeito é capaz de destruir ou comprometer um livro?
Acho que o ritmo e quando sinto que o autor não cumpriu com o trato preestabelecido no começo da leitura.
• Que assunto nunca entraria em sua literatura?
Não falo muito de futebol porque não entendo nada de futebol mas isso não impede que algum personagem meu, algum dia, se interesse.
• Qual foi o canto mais inusitado de onde tirou inspiração?
Uma bula de um creme vaginal.
• Quando a inspiração não vem…
Jogo paciência e rabisco nos meus cadernos.
• Qual escritor — vivo ou morto — gostaria de convidar para um café?
Ferréz.
• O que é um bom leitor?
Aquele que entende que o livro é de quem lê e não de quem escreve.
• O que te dá medo?
O fim do mês.
• O que te faz feliz?
Encontrar os amigos.
• Qual dúvida ou certeza guia seu trabalho?
É mais do que isso, sou guiado pela experimentação. É isso que me move em tudo que faço.
• Qual a sua maior preocupação ao escrever?
Quando escrevo, escrevo pra mim e a minha preocupação é manter o ritmo. No dia seguinte, quando leio o que escrevi, leio como leitor e tento perceber se consegui alcançar isso.
• A literatura tem alguma obrigação?
Acho que ela deve ser verdadeira.
• Qual o limite da ficção?
Eu não creio que tenha um limite.
• Se um ET aparecesse na sua frente e pedisse “leve-me ao seu líder”, a quem você o levaria?
Tentando responder essa pergunta eu escrevi um livro. Existem muitas pessoas que admiro mas não sou um seguidor.
• O que você espera da eternidade?
Que seja breve.