Gaúcho de Uruguaiana, o escritor e cineasta Tabajara Ruas nasceu em 1942. Quando a ditadura militar o obrigou a viver dez anos exilado, Tabajara transitou por vários países, inclusive Dinamarca, onde fez sua estreia literária. A região submersa, romance publicado originalmente no exterior, chega ao Brasil em 1981 e coloca em cena o detetive Cid Espigão — personagem que seria retomado, décadas depois, n’O detetive sentimental (2008). Sua obra inclui outras cinco incursões pela narrativa de fôlego, entre elas Netto perde sua alma (1995), que rendeu uma premiada adaptação para o cinema, e Os varões assinalados (1985). Como cineasta, entre outros feitos, dirigiu e roteirizou o longa-metragem A cabeça de Gumercindo Saraiva, lançado em 2018.
• Quando se deu conta de que queria ser escritor?
Quando aprendi a escrever.
• Quais são suas manias e obsessões literárias?
Hoje em dia, nenhuma.
• Que leitura é imprescindível no seu dia a dia?
Uma linha de poesia.
• Se pudesse recomendar um livro ao presidente Jair Bolsonaro, qual seria?
A cartilha elementar.
• Quais são as circunstâncias ideais para escrever?
Estar inspirado.
• Quais são as circunstâncias ideais de leitura?
Silêncio.
• O que considera um dia de trabalho produtivo?
Meia dúzia de frases com algum sentido.
• O que lhe dá mais prazer no processo de escrita?
Lá pelo meio do livro, quando ele começa a ficar parecido com o que você planejou.
• Qual o maior inimigo de um escritor?
Soberba.
• O que mais lhe incomoda no meio literário?
Não frequento.
• Um autor em quem se deveria prestar mais atenção.
Jéferson Assunção.
• Um livro imprescindível e um descartável.
Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis. Qualquer um do Olavo [de Carvalho].
• Que defeito é capaz de destruir ou comprometer um livro?
Credibilidade.
• Que assunto nunca entraria em sua literatura?
Não excluiria assunto nenhum.
• Qual foi o canto mais inusitado de onde tirou inspiração?
De um chapéu.
• Quando a inspiração não vem…
Vai olhar o mar.
• Qual escritor — vivo ou morto — gostaria de convidar para um café?
Luiz Antonio de Assis Brasil.
• O que é um bom leitor?
O leitor sem preconceitos.
• O que te dá medo?
Ignorância mais burrice.
• O que te faz feliz?
Era a humanidade. Hoje, não tenho mais certeza.
• Qual dúvida ou certeza guiam seu trabalho?
Indiferença a dogmas.
• Qual a sua maior preocupação ao escrever?
Honestidade.
• A literatura tem alguma obrigação?
Nenhuma.
• Qual o limite da ficção?
A realidade.
• Se um ET aparecesse na sua frente e pedisse “leve-me ao seu líder”, a quem você o levaria?
A Tabajara Ruas.
• O que você espera da eternidade?
Já aboli a eternidade.