A escritora e ilustradora ítalo-brasileira Eva Furnari nasceu em Roma, em 1948, e está radicada no Brasil desde os 2 anos de idade. Começou sua carreira literária na década de 1980, dedicando-se à ilustração de obras infantojuvenis. Apesar de ter se sentido insatisfeita com os primeiros trabalhos que fez para a Ática, seguiu praticando. Com a publicação de A bruxa Zelda e os 80 docinhos, em 1994, passou a criar também as próprias histórias. Hoje, com mais de 60 títulos publicados e traduzidos em países como Inglaterra, México, Equador e Guatemala, Eva já vendeu mais de 3 milhões de exemplares e venceu, entre outros prêmios literários, sete vezes o Jabuti. Listas fabulosas (2013), Amarílis (2013) e Problemas boborildos (2011) são alguns de seus livros mais recentes.
• Quando se deu conta de que queria ser escritora?
Quando comecei a contar histórias para minha filha, quando ela tinha 3 anos, em 1979.
• Quais são suas manias e obsessões literárias?
Encontrar livros com boas histórias, algo que parece existir aos montes, mas que, na minha opinião, são meio raros.
• Que leitura é imprescindível no seu dia a dia?
Qualquer uma, contanto que seja de qualidade.
• Se pudesse recomendar um livro ao presidente Jair Bolsonaro, qual seria?
Diário do Bolso — Os 100 primeiros dias, de José Roberto Torero.
• Quais são as circunstâncias ideais para escrever?
Privacidade e silêncio que permitam a concentração e a introspecção necessárias.
• Quais são as circunstâncias ideais de leitura?
Ter dormido uma boa noite de sono, senão a gente dorme na leitura.
• O que considera um dia de trabalho produtivo?
O dia em que a escrita rendeu com boas ideias e soluções.
• O que lhe dá mais prazer no processo de escrita?
A criação do enredo.
• Qual o maior inimigo de um escritor?
Um ego inflado, isto é, a arrogância de achar que se sabe tudo.
• O que mais lhe incomoda no meio literário?
No meio literário da produção infantil me incomoda bastante a falta de valorização do trabalho dos ilustradores, que recebem uma remuneração tão baixa que chega a ser ofensiva.
• Um autor em quem se deveria prestar mais atenção.
José Paulo Paes.
• Um livro imprescindível e um descartável.
Imprescindível: O sol é para todos, de Harper Lee. Descartável: O martelo das bruxas [Malleus Maleficarum], de Heinrich Kraemer e James Sprenger.
• Que defeito é capaz de destruir ou comprometer um livro?
A falta de conflito.
• Que assunto nunca entraria em sua literatura?
Pedofilia.
• Qual foi o canto mais inusitado de onde tirou inspiração?
Crianças que parecem duendes.
• Quando a inspiração não vem…
Escrever e escrever. Uma hora ela chega.
• Qual escritor — vivo ou morto — gostaria de convidar para um café?
Millôr Fernandes.
• O que é um bom leitor?
Aquele que tem paixão pela leitura.
• O que te dá medo?
Filmes de terror.
• O que te faz feliz?
Escrever e desenhar.
• Qual dúvida ou certeza guiam seu trabalho?
A certeza de que sou uma eterna aprendiz.
• Qual a sua maior preocupação ao escrever?
Ser fiel à história e deixar a vaidade de lado.
• A literatura tem alguma obrigação?
Acho que não. Melhor do que um autor se pautar por obrigações é se pautar pela própria alma.
• Qual o limite da ficção?
Nenhum, desde que a história seja bem contada.
• Se um ET aparecesse na sua frente e pedisse “leve-me ao seu líder”, a quem você o levaria?
Sei lá. Estou com dificuldade de ver onde estão os bons líderes.
• O que você espera da eternidade?
Acolhimento.