Michel Laub nasceu em Porto Alegre (RS), em 1973, e está radicado em São Paulo (SP) desde os anos 1990. Como jornalista, foi editor-chefe da revista Bravo! e colunista dos jornais Folha de S. Paulo e O Globo, entre outras experiências. Estreou na ficção em 1998, com os contos de Não depois do que aconteceu — sua única incursão pelo gênero. A partir de 2001, com o lançamento do romance Música anterior, seguiu praticando a narrativa de fôlego e, hoje, seus livros já saíram em 13 países e 10 idiomas. É autor de sete romances, entre eles Diário da queda (2011), que teve os direitos vendidos para o cinema, A maçã envenenada (2013) e O tribunal de quinta-feira (2016), além de integrar a coletânea Os melhores jovens escritores brasileiros (2012), da revista Granta. Diversas vezes finalista dos mais importantes prêmios literários do Brasil, já ganhou, entre outros, o inglês JQ — Wingate e o francês Transfuge.
• Quando se deu conta de que queria ser escritor?
Depois de já ser um.
• Quais são suas manias e obsessões literárias?
A reescrita.
• Que leitura é imprescindível no seu dia a dia?
Não-ficção.
• Se pudesse recomendar um livro ao presidente Michel Temer, qual seria?
O livro do Aristóteles citado no Nome da rosa (mas tem que ser aquele exemplar).
• Quais são as circunstâncias ideais para escrever?
Sol, escritório, manhã, sem ressaca.
• Quais são as circunstâncias ideais de leitura?
Idem, mas na cama.
• O que considera um dia de trabalho produtivo?
Não jogar fora o que fiz ontem já está bom.
• O que lhe dá mais prazer no processo de escrita?
Ter escrito.
• Qual o maior inimigo de um escritor?
Internet.
• O que mais lhe incomoda no meio literário?
O mesmo que em qualquer outro grupo social.
• Um autor em quem se deveria prestar mais atenção.
Nelson Rodrigues.
• Um livro imprescindível e um descartável.
A Bíblia, conforme o uso que se faz da leitura.
• Que defeito é capaz de destruir ou comprometer um livro?
Beletrismo, com todos os seus disfarces.
• Que assunto nunca entraria em sua literatura?
Qualquer um não elaborado literariamente.
• Qual foi o canto mais inusitado de onde tirou inspiração?
Qualquer um da época em que não era escritor — depois que virei, nada mais é inusitado.
• Quando a inspiração não vem…
Se fosse esperar por ela, nunca teria escrito nada.
• Qual escritor — vivo ou morto — gostaria de convidar para um café?
Jamil Snege — tentamos uma vez, não deu tempo.
• O que é um bom leitor?
Alguém com o mundo interior rico.
• O que te dá medo?
Só na letra A: avião, artrite, Antropoceno.
• O que te faz feliz?
Mais as coisas pequenas do que as grandes.
• Qual dúvida ou certeza guiam seu trabalho?
Dúvidas: todas as imagináveis, literárias e pessoais. Certeza: a de que posso fracassar de muitas formas no resultado (não depende de mim), mas nunca baratear o processo.
• Qual a sua maior preocupação ao escrever?
Dizer a verdade, que em geral eu só vou saber qual é depois de ter escrito.
• A literatura tem alguma obrigação?
A de ser literatura, o que já é uma façanha.
• Qual o limite da ficção?
O leitor.
• Se um ET aparecesse na sua frente e pedisse “leve-me ao seu líder”, a quem você o levaria?
Escritores não podem ter líderes.
• O que você espera da eternidade?
Que não exista.