Pernambucano de Sertânia, Marcelino Freire nasceu em 20 de março de 1967. Passou pelo Recife. E desde 1991 reside em São Paulo. Começou a escrever para o teatro, trabalhou como bancário e chegou a iniciar a faculdade de Letras na Universidade Católica de Pernambuco, sem concluí-la. Participou da oficina de criação literária do escritor Raimundo Carrero e publica seus dois primeiros livros de forma independente: AcRústico, em 1995, e EraOdito, em 1998.
Dois anos depois, publica Angu de sangue, livro de contos que o lançaria na cena literária contemporânea. Vence o Prêmio Jabuti de 2006 por Contos negreiros e organiza a antologia Os cem menores contos brasileiros do século. Em 2006, criou a Balada Literária, evento que reúne escritores nacionais e internacionais no bairro paulistano da Vila Madalena. Seu livro mais recente é Amar é crime, lançado em julho de 2011 pelo coletivo Edith, do qual faz parte. Nesta divertida conversa, Freire deixa claro seu traquejo de “micro contista” em respostas breves, porém afiadas.
• Quando se deu conta de que queria ser escritor?
Quando eu tinha nove anos e Manuel Bandeira tossiu em cima de mim.
• Quais são suas manias e obsessões literárias?
Escrever livros que a minha família não leia.
• Que leitura é imprescindível no seu dia-a-dia?
A rua.
• Quais são as circunstâncias ideais para escrever?
Sem incenso.
• Quais são as circunstâncias ideais de leitura?
Quando estou feliz leio para ficar triste.
• O que considera um dia de trabalho produtivo?
Quando rasgo tudo o que escrevi naquele dia.
• O que lhe dá mais prazer no processo de escrita?
A reescrita.
• Qual o maior inimigo de um escritor?
O preço de seu livro.
• O que mais lhe incomoda no meio literário?
O vinho branco e o patê de fígado.
• Um autor em quem se deveria prestar mais atenção.
Aquele meu amigo que ficou de fora da Granta.
• Um livro imprescindível e um descartável.
A Bíblia, imprescindível e descartável.
• Que defeito é capaz de destruir ou comprometer um livro?
Um autor mala.
• Que assunto nunca entraria em sua literatura?
O assunto.
• Qual foi o canto mais inusitado de onde tirou inspiração?
Da merda da inspiração.
• Quando a inspiração não vem…
Eu pego um táxi.
• O que é um bom leitor?
Aquele que só lê o que quer.
• O que te dá medo?
Tenho medo do meu fígado.
• O que te faz feliz?
A solidão.
• Qual dúvida ou certeza guia seu trabalho?
A dúvida é minha única certeza.
• Qual a sua maior preocupação ao escrever?
Terminar logo para poder ir fazer outras coisas.
• A literatura tem alguma obrigação?
Com o Diabo, talvez.
• Qual o limite da ficção?
O que vem antes do ponto final.
• O que lhe dá forças para escrever?
Saber que eu sou um covarde.
• Se um ET aparecesse na sua frente e pedisse “leve-me ao seu líder”, a quem você o levaria?
Ao Chocottone.
• O que você espera da eternidade?
Nenhuma resposta.