Traçanga

Enxundiosa aquela de tralalá arrebitado pensa que é dona do mundo; veja, fúfia caminha como quem agita um turíbulo imaginário
01/08/2001

Enxundiosa aquela de tralalá arrebitado pensa que é dona do mundo; veja, fúfia caminha como quem agita um turíbulo imaginário; absurdum id quidem est, sem dúvida isto é um absurdo; veja, espaventosa pensa que carrega consigo o cinto mágico de Afrodite que encanta igualmente formicídeos machos e deuses; sim, querida, ideal narcísico de onipotência, obervação freudianamente procedente, concordo; veja, requebro chameguento típico de quem pensa viver ad extremum a barlavento, o tempo passa precipitado, quando menos esperamos, hã, juvenilidade bumba catumba; sim, querida, concordo, com o tralalá rechonchudo magnificamente torneado fica fácil conduzir a plebe; veja, querida, nunca vi em toda a minha longa vida fileira tão quilométrica de baba-ovos seguindo extasiados uma tanajura.

Despropério
Difícil existir no mundo outra criatura assim descomedidamente afeita A toda sorte de azedumes e ressentimentos, xô olhar arrufadiço xô. Fisionomia alvoroçada xô pensamentos umbrosos, estramontada precisa expungir dela mesma o monstro kolomoduro aquele que no começo dos tempos engoliu toda a humanidade, aie, flamma fumo est proxuma, a chama está próxima do fogo, digo repito querido nunca mais nossa poodle pobrezinha nunca mais foi a mesma depois que conheceu o filho do dobermann da rua de baixo nunca mais.

Ploft!
Sei que tudo zás-trás se demora só um instante, que a maldade humana feito ele Argos tem cem olhos, que seria ingenuidade vicejar uma primavera perpétua, que este quintal arvorejado pode se transformar breve manu num farfalhudo espigão neo-moderno, que gente e anhanga são a mesma coisa, cunhas do mesmo pau retalhos da mesma peça, que arapucas estilingues gaiolas homens me espreitam em catadupas, que por tudo isso (e muito mais) bem-te-vi sorrateiro aqui de quando em quando ploft na cabeça deles.

Evandro Affonso Ferreira

Nasceu em Minas Gerais, em 1945. Está radicado em São Paulo há 40 anos. É autor, entre outros, de Minha mãe se matou sem dizer adeus, Grogotó! e Catrâmbias!.

Rascunho