Romance-Folhetim: Poeira: demônios e maldições (12)

Capítulo 12 do folhetim "Poeira: demônios e maldições", de Nelson de Oliveira
Ilkustração: Tereza Yamashita
01/10/2007

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O cardápio dessa noite. O cardápio dessa noite. O cardápio dessa noite. Era nisso que Estela pensava neuroticamente enquanto caminhava com o visitante.

Eu preciso me libertar.

Eu preciso realmente me libertar.

Foda-se o cardápio dessa noite. Foda-se o jantar. Foda-se o mundo.

Mais adiante uma confusão envolvendo pedestres, ciclistas e policiais ocupava o meio da rua.

Palavrões. Ameaças. Pancadaria.

Vamos por aqui, Estela sugeriu mudando de direção.

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Final de expediente.

Hora de relaxar.

O bibliotecário acabara de organizar as pilhas de papel em cima da escrivaninha e já começava a trancar as gavetas, como sempre fazia no final de um dia de trabalho, quando os três militares entraram na sala.

Um sargento e dois soldados rasos trajando uniforme de combate com a divisa do segundo exército, sediado na capital.

O trio parou na frente da mesa de Jacira e o sargento quis logo saber quem era o responsável pela repartição. Jacira, tremendo do dedão do pé à última ruga da testa, indicou a escrivaninha de Frederico.

Qual é o problema?, o bibliotecário quis saber.

O sargento apontou as dez caixas amontoadas no canto da sala e em tom ríspido disse, esse é o problema, meu senhor, esse é o grande problema.

Da rua chegaram gritos, buzinas e estardalhaço. O trânsito estava sendo desviado, os pedestres haviam sido afastados com truculência e um cordão de isolamento começava a ser erguido em torno do prédio da biblioteca.

O sargento encostou no bibliotecário, que da janela aberta acompanhava perplexo a confusão, e fez o seu eloqüente discurso:

A ordem constitucional democrática deste país tem sido sistematicamente perturbada por forças perigosas e desconhecidas. A situação está totalmente fora de controle, o estado de calamidade pública ameaça levar o caos a todas as instituições. Sendo assim, com o objetivo de manter a lei e a ordem, o presidente e os ministros das forças armadas, autorizados pelo congresso nacional, acabam de decretar o estado de sítio, com a conseqüente suspensão temporária de certas garantias constitucionais.

Quê? Estado de sítio?! Não é possível? Ficaram malucos?!

Todos os funcionários ainda presentes na repartição se juntaram em torno do bibliotecário e dos três militares.

Por enquanto ninguém sai do prédio, o sargento ordenou descansando retoricamente a mão direita na coronha do revólver adormecido no coldre de neoprene.

Os assistentes e as faxineiras trocaram olhares inconformados. Mas não disseram nada. Não tinham coragem de protestar nem de resmungar.

As lentes dos óculos do bibliotecário ficaram repentinamente embaçadas. De angústia. De raiva. De indignação.

Sua careca transpirava. O estômago doía.

Ele teve medo de ser diretamente responsabilizado pela aparição das dez caixas de livros clandestinos. Ah, não suportava a idéia de ser detido para interrogatório. Não pela alta cúpula do exército. Não suportava a idéia de ser arrastado a um dos notórios porões da repressão uniformizada, onde, diziam os jornalistas, eram torturados os presos políticos e os terroristas.

O bibliotecário começou a passar mal. Sentia vertigem e falta de ar. Calor. Frio. Calor. A sensação de estrangulamento ficava cada vez mais intensa. As estantes abarrotadas e as pilhas de livros pareciam estar caindo na sua cabeça.

Com muito esforço conseguiu pedir ao sargento, por favor, não estou, argh, não estou passando bem, hum, por favor, posso usar o telefone?

O sargento permaneceu calado, sério, rígido como a sola de seus coturnos de couro legítimo, os olhos fixados no homem que não parava de gaguejar e transpirar, os olhos fixados nesse gorducho em pânico, tentando ver o que ia na sua alma.

Então ele subitamente relaxou.

Sim, o senhor pode dar um telefonema. Apenas um. Mas seja rápido.

A luta do bibliotecário com o fone, o fio e o disco foi patética. O fio envolveu seu pulso, atrapalhando a discagem do número vagamente lembrado, do número que um minuto atrás ele sabia de cor: o número do próprio apartamento.

Precisava falar com Estela. Precisava falar urgentemente com Estela.

Teve que pedir ajuda a Jacira para completar a maldita ligação. O telefone chamou, chamou, chamou mas ninguém atendeu.

Merda.

Tentou o número de Renata e Rodrigo, tentou uma, duas, três vezes, novamente sem sucesso. O nervosismo foi ficando mais intenso, o fone cada vez mais pesado escorregava da mão molhada de suor. Onde estaria todo mundo?!

Pela janela ainda aberta entrava na repartição o alarido histérico — gritos e ameaças, sirenes, derrapagens, ordens espalhadas por alto-falantes — provocado pelo choque de parte da população com os soldados do cordão de isolamento. O tumulto sacudia o quarteirão e excitava os sentidos.

O sargento ordenou a um dos soldados que fechasse a janela.

O bibliotecário estava desorientado, com os nervos à flor da pele.

Nesse momento todos que resmungavam nas proximidades da sua escrivaninha foram surpreendidos pelo estrondo de um desmoronamento.

Correram até o fundo da sala, onde várias estantes estavam inclinadas, com o topo apoiado perigosamente na parede ou no topo de outras estantes, formando um corredor baixo. O chão dentro e fora desse corredor triangular estava forrado de livros.

Misturada com os livros, as pernas para um lado e os braços para o outro, Jacira gemia e choramingava.

Ela tentou escapar sem que ninguém visse, um dos assistentes dedurou.

A senhora está presa. Soldado Getúlio, pode levar a prisioneira, o sargento ordenou.

Jacira reclamou e esperneou e chorou e implorou, seu Fred, por favor, seu Fred, não deixa fazerem isso, seu Fred, eu não fiz nada, seu Fred, eu só quero ir pra casa, seu Fred, eu só quero ver meus filhos, meu marido!

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O edifício da Biblioteca Municipal Mário de Andrade, como praticamente todos os edifícios administrados pelo Conselho Bibliotecário do Estado, também funcionava vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana, sem interrupção.

Estela e o visitante subiram os poucos degraus de uma escadaria bastante larga, sólida e fria, e entraram num magnífico saguão amplamente iluminado, cheio de murais e afrescos, cujo pé direito equivalia a mais ou menos três andares comuns.

À meia-altura, como numa catedral, abriam-se quarenta e duas janelas através das quais a luz fulgurante da cidade animava e coloria os retratos a óleo, já bastante apagados, dos benfeitores da biblioteca.

Na parede frontal uma placa gigantesca de bronze apresentava, com letras em alto relevo, os dispositivos do primeiro regulamento da biblioteca, quando da sua inauguração, no século XVIII.

Nessa época a biblioteca não passava de um retângulo de oito metros de comprimento por cinco de largura, e estava instalada numa das salas do antigo prédio dos correios.

O visitante caminhava quieto, procurando não se perder de Estela, o olhar, porém, perdido nos dizeres da placa.

Primeiro. Qualquer pessoa que entrar na biblioteca deverá imediatamente fechar a porta. Se essa pessoa introduzir na biblioteca um ou mais visitantes, ela continuará incumbida dessa obrigação. Ao sair, deverá igualmente fechar a porta, mesmo que outros continuem na biblioteca. Tudo sob pena de multa de seis tostões.

Segundo. Qualquer pessoa que se servir de um livro deverá fechá-lo antes de se retirar. Assim se decidiu porque diversas pessoas têm o hábito de deixar os livros abertos, o que os expõe a todos os acidentes e ao pó. Da mesma forma, quando alguém introduzir visitantes na biblioteca, deverá se certificar de que os livros por eles usados fiquem fechados, sob a mesma pena que lhe será imposta se deixar pessoalmente os livros abertos. Essa pena será de seis tostões por volume deixado aberto. Se diversos volumes forem deixados abertos, a multa será multiplicada pelo número de volumes, à razão de seis tostões cada um.

Terceiro. Qualquer pessoa que introduzir um estranho na biblioteca não poderá se afastar dele, salvo se deixar alguém com o visitante. Mas se a pessoa que introduzir um estranho na biblioteca se afastar sem estar certo de que uma pessoa da casa, funcionário ou usuário, consentiu em acompanhar o visitante, o introdutor incorrerá na multa de seis tostões.

E assim por diante.

Estela e o visitante, como já foi dito, subiram os poucos degraus da escadaria, entraram no saguão, passaram pela placa de bronze e logo se dirigiram a um dos setenta e três elevadores aí existentes.

Embarcaram no elevador de número sessenta e nove, que servia praticamente todo o edifício, incluindo o mirante, situado no centésimo segundo — e último — andar.

O ascensorista, um negro de cabelo branco e bochechas grandes, vestindo um uniforme cinza claro, sem-graça e desbotado, abriu um amplo sorriso ao vê-los a bordo:

Boa noite, dona Estela.

Boa noite, seu Valfrido. Que surpresa… Não sabia que agora o senhor está no turno da noite.

O elevador gemeu e sacudiu.

A mão ágil do ascensorista puxou a grade de segurança e, como se esperasse apenas esse gesto para desempenhar uma importante função, a porta de aço imediatamente correu no trilho lacrando a caixa compacta e fria.

Cabos de aço, roldanas, contrapesos e eletricidade.

O elevador gemeu mais uma vez, sacudiu pra valer e começou a subir.

Na verdade estou substituindo meu filho.

Sua mão comandava com firmeza uma grande manivela cromada, com um cabo de madeira escura.

Meu filho, é, o mais novo. O turno da noite é dele. Não tenho mais idade pra isso, não, dona Estela. Depois de certo tempo puxando essa grade pra lá e pra cá meus braços doem, minhas mãos incham, é terrível.

Compreendo.

Estela disse compreendo e ficou quieta. Apenas isso, nada mais.

Disse compreendo, e só. Não falou mais nada. Não comentou a respeito do tempo quente, da chuva da tarde, da vida tediosa. Não apresentou o visitante ao senhor Valfrido, e vice-versa. Não. Nada.

Apenas compreendo.

Subiam a trezentos e cinqüenta metros por minuto, agora em silêncio.

Uma lâmpada piscou no painel acima da porta.

Um lâmpada fraquinha fraquinha, tendo no seu interior o número dezesseis pintado em azul escuro.

Pouco depois, no décimo sexto andar, o elevador parou.

Cinco faxineiras olharam para dentro assim que a porta tornou a deslizar no trilho, correndo dessa vez no sentido contrário, fazendo um cla-clangue metálico e assustador.

Os elevadores de serviço estão cheios, podemos subir com vocês?, sussurrou uma mulher muito gorda, de olhos pequenos, posicionada na frente das demais como se fosse a líder do grupo.

Mas ela não era nem queria ser a líder de coisa alguma.

Era apenas mais uma das cento e cinqüenta faxineiras que depois do expediente, quando noventa por cento dos escritórios, das salas de leitura e das diversas subdivisões do acervo já se encontravam vazios, faziam a limpeza do prédio.

Era apenas mais uma na multidão.

Talvez se chamasse Vânia, talvez se chamasse Matilda.

Talvez tivesse que trabalhar duro para pagar o aluguel de um quarto apertado. Talvez tivesse um marido doente e seis filhos para alimentar.

Talvez não.

Não importava.

Todos viajavam a trezentos e cinqüenta metros por minuto, quase se tocando, desconfortavelmente próximos, sem dizer nada.

No sexagésimo quarto andar a porta fez novamente cla-clangue.

Mais duas faxineiras entraram.

Entraram feito autômatos, sem pedir permissão.

Trezentos e cinqüenta metros por minuto.

Do outro lado da imensa massa de aço e concreto — o prédio da Biblioteca Municipal Mário de Andrade — outros elevadores de serviço em vez de subir desciam, levando para o térreo uma brigada exausta de limpadores de janela.

As seis mil e quinhentas janelas do prédio eram limpas duas vezes por mês.

Não. Esse não era um serviço fácil.

Os limpadores eram obrigados a ficar em andaimes presos no telhado dos andares mais altos, o estrado perigosamente suspenso no vazio. Além disso, os ventos dificultavam, e muito, a tarefa, pois faziam a água jogada nos vidros escorrer pra cima e não pra baixo.

A água espirrava, circunvolvia ascendentemente e desaparecia na atmosfera.

O barulho produzido pelo elevador, que escorregava furiosamente no extenso túnel, pareceu ao visitante muito mais com o rugido produzido pelas caldeiras de um transatlântico do que por uma insignificante caixa de aço indo a lugar algum.

Um inacreditável navio, o visitante pensou. Não lhe causaria nenhuma surpresa se a porta, ao ser aberta, descortinasse a deliciosa decoração de um salão de baile ou o corredor de acesso aos camarotes de luxo, situados geralmente ao lado do convés de passeio.

O elevador parou mais uma vez. A porta abriu, mas não havia nada do outro lado que lembrasse, mesmo que vagamente, as dependências do Titanic.

As faxineiras desceram e foram na direção de um grande grupo delas, reunido no final do corredor.

Meio minuto depois, o centésimo segundo andar.

O observatório, nosso ponto final, sorriu delicadamente o negro, a mão sempre presa à manivela, controlando a velocidade do elevador com muita firmeza, fazendo-o parar sem solavancos, agora estacionando seu disco-voador particular da maneira mais correta possível.

Cla-clangue.

Fim da linha, gente.

Boa noite, seu Valfrido.

Boa noite, dona Estela. Espero que hoje o céu não esteja muito nublado. Às vezes a neblina deixa a paisagem embaçada, feia de se ver.

52
Cabrum.

Um coquetel molotov explodiu no pára-brisa de um fusca estacionado perto do refeitório.

Frederico estremeceu com o novo estrondo.

Mesmo com a janela fechada era impossível não prestar atenção na gritaria do lado de fora. Na rua a situação ficava cada vez mais grave.

O bibliotecário se sentia acuado.

Jacira, entre os dois soldados, não parava de soluçar, seu Fred, por favor, seu Fred, não deixa fazerem isso, seu Fred, eu quero ir pra casa, seu Fred.

O sargento não conseguiu disfarçar uma ponta de desconforto ao ver pela janela que a população reagia mal à intervenção militar.

Lá longe, a duas quadras do cordão de isolamento, a multidão de revoltados trabalhava com afinco — cambada de subversivos! — erguendo uma barricada para impedir a chegada de mais destacamentos de soldados e policiais.

Então a luz se foi. No bairro todo. Acidente ou sabotagem?

No meio do apagão o alarido foi ficando mais intenso. Mais coquetéis molotovs estouravam nas imediações, iluminando a selva de edifícios, projetando predadores e fantasmas nos apartamentos e nos escritórios.

Vamos precisar de mais reforço, o sargento calculou em voz alta.

Não foi preciso pedir pelo rádio. Imediatamente entraram na sala, trazendo pequenas lanternas de insuficiente luz amarela, outros seis militares comandados por um tenente. Entraram armados até os dentes, prontos para o combate. Foi com camuflada alegria que o sargento e seus dois companheiros bateram continência ao oficial superior.

Jacira engoliu o choro.

O bibliotecário, ao ver o armamento pesado — submetralhadoras, metralhadoras, granadas, uma bazuca — percebeu se esvair o resto das forças que o mantinham em pé.

Nessa situação de total desalento ele não teve certeza, mas pensou ter ouvido o tenente sussurrar ao sargento, o presidente caiu, o governo agora é nosso, mas ainda há muita resistência civil, fique preparado para a luta, o congresso já foi convocado pela Junta Provisória, agora é só uma questão de tempo.

A luz finalmente voltou. A luz e os suspiros de alívio. Que morreram logo.

Nessa hora o bibliotecário notou certo rebuliço entre os soldados. Eles cochichavam e indicavam só com os olhos, meio receosos, o tenente.

Que foi? Que aconteceu?, o tenente quis saber.

Nas suas costas, senhor.

O que tem nas minhas costas?

O sargento, também meio receoso, deu a volta e viu o que era. Em seguida pediu ao tenente que chegasse perto da janela fechada.

O reflexo no vidro embaçado revelou no tecido rústico um M meio borrado, escrito com tinta fosforescente. O M brilhava com vigor.

Jacira, os olhos arregalados, tremia, apontava e balbuciava, nas costas, nas costas de vocês também.

Agitação geral. Todos começaram a procurar o maldito M nas costas dos companheiros. E o acharam.

A marca não estava apenas nos militares, mas também no bibliotecário e em todo o pessoal que trabalhava com ele.

Mas, quem… Quem fez isso?, o tenente gritou.

Um chiado preencheu a sala. Um sussurro dissimulado de réptil ou assombração, acompanhado por breves golpes de ar, indicando que alguém ou alguma coisa invadira o local e se movia rapidamente.

O destacamento entrou em alerta, os civis perderam a voz, os soldados formaram um círculo no centro da sala ao redor de mesas, cadeiras e cestos de lixo, as armas foram destravadas.

Mas ninguém teve tempo de atirar ou de se defender.

A luz foi novamente cortada e o ataque veio rápido e silencioso. Veio do alto. Veio dos lados. Veio de baixo. O facho das lanternas riscou a escuridão iluminando pequenos pedaços da luta: uma rasteira, uma queda, um encontrão, uma batida feia de cabeça, muitas mordaças, muitas cordas.

Em questão de segundos todos os que estavam na sala caíram dominados, as mãos atadas atrás das costas, um lenço na boca.

Poucos segundos depois já não restava mais ninguém no local.

Quando um novo destacamento veio ver o que havia acontecido, tudo o que encontrou foram os sinais da luta: marcas de arranhão nos móveis e no piso, algumas estantes caídas, algumas armas espalhadas no chão, misturadas com os livros.

Fora isso a sala estava deserta.

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Além do bibliotecário, de Jacira, dos assistentes, do tenente, do sargento e dos soldados, muitas outras pessoas irão desaparecer nessa mesma noite. Serão no total seiscentas e sessenta e seis, mas esse número só começará a pipocar nos jornais e nos relatórios oficiais daqui a dois meses.

Esse número e o retrato de todos os desaparecidos.

Rostos impassíveis, rostos tristes, rostos cansados, rostos tortos, rostos manchados, rostos vincados. Só daqui a dois meses.

Próximos capítulos

Confusão geral: as principais capitais do país estão em guerra. Nem mesmo a estratégia de defesa do exército está conseguindo impedir que mais e mais pessoas sejam seqüestradas. Enquanto observa o céu estrelado do terraço da Biblioteca Municipal Mário de Andrade, Estela nem imagina que seu marido desapareceu, ou que o estado de sítio foi decretado e o quebra-quebra tomou conta de boa parte da cidade. Ah, tão perto do céu e tão longe das questões sociais! Pena que esse idílio não durará muito tempo.

Nelson de Oliveira

É ficcionista e crítico literário. É autor de Poeira: demônios e maldições e Ódio sustenido, entre outros.

Rascunho