Teoria estética
I.
Quanto dissenso passou por meus olhos
e quanto poder há no estrume
redimensionar a vida no ir e vir das moscas
ergo meu caule de cogumelo venenoso
veias abrasadas de meu repertório
costuro nascentes até a ignorância.
II.
O dissenso construiu veredas na loucura
manejou espáduas desenhadas pela boca
ouviu a lateral do mar
o vento impiedoso
as aves partiram de um modo brando
sem necessitar oração
certas de suas linhas mestras.
III.
Continuo na tridimensionalidade
a quarta dimensão resvala
o início de algo assombroso como a descoberta
de um amor que comporta
a certeza da queda
um rio em que se banha duas vezes, ao menos.
IV.
Todos os corpos bebem do amor.
Ainda que não o mereçam.
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Curva
Falo abismo
falo céu
cavo poço
cavo pulsão
monastérios não redimem
chapadas
quem ingressa à natureza
não volta.
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Muscular
Ter o coração a contrapelo
limado como uma pedra
depois do vento.
Inaugural como a forma
do acaso.
Franjado de líquidos
e cernes
vapor e tinturas
do sangue e do caminho.
Burilar esse pedaço
de tempo, onde meu corpo
deitou morada.