Poemas de Raimundo Célio Pedreira

Leia os poemas "eletivos", "sobre o feitio do íntimo', "insone", "passar" e "calorzin"
Raimundo Célio Pedreira, poeta, professor, farmacêutico, bioquímico e médico
01/03/2022

eletivos

o silêncio tem um hospital
que pode atender
ou internar
nossas cicatrizes

sobre o feitio do íntimo

olhando assim sem ver
você nem sente
mas a luz do amor
é invisível

insone

as ausências são laços silenciosos
atados na memória
que nos contam
como uma manhã pode chegar
sem a noite nunca ter passado

passar

aqui por certo dentro
o tempo cava a alma
move distâncias inteiras
abranda-me os silêncios
como oferecendo abrigo
e aceitando meus poucos

calorzin

o dia que segue aqui
vai de quase resguardo
ora a gente levanta
na outra um fastio
vez o braço sustenta
na outra nem um fanisco
sem desalentar o todo
o dia que segue
é quase reimoso
e para quem é do sol
dar no couro por cá
é quem sustenta o teimoso

Raimundo Célio Pedreira

É poeta, professor, farmacêutico, bioquímico e médico. Portuense do sertão tocantino, tem 62 anos. Publicou em 2003 seu primeiro livro de poemas, Porta, indicado como literatura tocantinense para o vestibular da Universidade Federal do Tocantins (UFT). Possui mais livros de poesia publicados, o mais recente, As tocantinas, de 2020, também indicado como literatura regional na UFT.

Rascunho