Poemas de Marven Junius Franklin

Leia os poemas "Nuvens cianóticas", "Psicodélico [in blues]" e "Balé de vozes"
Marven Junius Franklin, autor de “Rio Oiapoque [in blues]”
01/07/2021

Nuvens cianóticas

Que icem as velas
os medíocres
— mas deixem as minhas naus
singrarem as auroras

(meu corpo
desaguar [aéreo]
no dorso imutável
das Guianas).

Que minhas asas
não derretam sob
o sol equatorial
& as nuvens cianóticas
se espalhem ao primeiro
sinal de pôr do sol

(ah, que o medo se esforce em
cativar compaixão).

Psicodélico [in blues]

psicodélico [in blues]
como o voo lerdo das estrelas cadentes
& o pouso improvisado de uma arara azul;
que não nos devorem as crenças
– os costumes não nos moldem
& que matinta pereira nos resgate do inequívoco;

que a maldade deixe suas armas no cais de arrimo
& o acalanto faça soar o manifesto
da não arrogância (bélica).

ah, que possamos imitar
os olhos da cabocla que se banha
— meiga — na foz do cabo orange.

Balé de vozes

(Para Natalina Ribeiro)

a menina baila
sobre a infância
terna

(Macapá era um zéfiro
a roçar em suas pernas)

baila a menina
em tardes mudas
– distâncias eram vozes
& sinfonias do atrás

(Macapá era um cântico
que emanava do rio-mar).

Marven Junius Franklin

É paraense radicado em Oiapoque, fronteira com a Guiana Francesa. Lançou seu primeiro livro Rio Oiapoque [in blues], em 2018. Em 2019 recebeu o Título de Destaque da Literatura do Extremo Norte, oferecido pela Secult/PA/Baile dos Artistas. Participará da coletânea colaborativa do Prêmio Off Flip 2021.

Rascunho