Vasos de seios
Quem beija meu filho, minha boca adoça
Lima Barreto
I
A tortura maior,
veio com a morte
de meu filho.
A brancura precisa da brancura.
Cortei meus seios
e semeei sobre
meu filho.
A escuridão precisa da brancura.
II
Os seios de minha mãe
foram comidos pela terra.
Devem romper
em algum olho d’água.
III
Só os seios de minha mãe
deram à candura
ósculo branco.
Menino andarilho carrega
ampulheta do amor:
os seios de minha mãe.
…
Árvores de cemitério
I
As árvores de cemitério
nascidas sobre os túmulos
sopram almas pelas folhas.
Fiéis ao adubo dúbio do vida,
com seus etéreos vestidos
negros
Chamados: sombras
II
Senti ternura na eternidade:
pedra umedecida pelo suor
da sombra da árvore.
III
Árvores de cemitério
não secam.
Vasos frágeis repousam
em seu cântaro.