Poemas de Lucas Tenório

Leia os poemas "De pernas abertas", "Pequeno Santo Antônio"
Marcelo Nogueira
01/08/2004

De pernas abertas

Onera o espaço o laço
uma cabeça é de quê?
O compasso traça o curral
de pernas abertas.

O roçar de dois dedos
é sinal de mercado.
O compasso onera o espaço
de anca a joelho.

Desonera o espaço a proveta?

O compasso traça os pêlos
da silhueta.

Onera o espaço o baço
uma cabeça é de quem
O compasso traça o animal
de pernas abertas.

Pequeno Santo Antônio

Argamassa do caminho
nos bueiros conformada:
terra do rato e arauto
de palavra alimentada.

Uns pés de pilão, moinho
mãos de ladrão de tempo
Cortam-se cocos nos conventos
em frente à Casa da Cultura.

A moldura que os olhos vêem
da praça Visconde de Mauá
É de um banco bem pra lá
dos travestis de plantão.

Pegue a contramão
e chegue à estação do metrô
Pergunte-se para onde vou:
cola, pipoca, cocada?

Argamassa do caminho
nos sapateiros conformada
terra do homem e calçada
de poeira alimentada.

Lucas Tenório

É funcionário público.

Rascunho