Poemas de Júlia de Carvalho Hansen

Leia os poemas "Destino", "Revolta", "Outono" e "Signo"
Júlia de Carvalho Hansen, autora de “Romã”
01/11/2021

Destino

Caminho que se altera
a cada passo.

E firme
nos espera no espaço.

Revolta

Junto da igualdade racial e de gênero
da distribuição de terra
dinheiro, alimento, moradia
Junto da empatia, da cordialidade
do respeito e do cultivo
das práticas civis e dos direitos humanos
Junto das oportunidades equivalentes
da segurança de que sua filha voltará à casa
sem ter se acidentado, sido morta, violada
Junto da memória sendo constituída
da educação da cultura e da saúde para todos
da preservação das águas, florestas e animais
Junto da liberdade do corpo gozar o gozo
e da esperança de que a alegria retornará
mais antiga que o cansaço e a indignação
Junto de um estado que sirva
a sujeitos não servis
o que falta a este país é REVOLTA.

Outono

Como trocar de pele?
Se há pele.

Signo

Hoje o céu está como no dia do seu nascimento
embora isto seja sempre relativo como
as comparações são autoritárias.
No dia em que você nasceu eu ainda
não tinha escrito nenhum poema
quanto mais um poema pra você.
Você mesmo estava só começando
que beleza a aprender a sobreviver.
A sua primeira respiração
posso tocá-la agora com este verso
que beleza também pensei em visitar
os traços dos seus olhos apertados
por dúvidas de se era aqui mesmo
neste lugar
o nosso tempo.

Júlia de Carvalho Hansen

Nasceu em São Paulo (SP), em 1984. É poeta, astróloga e uma das editoras da Chão da Feira. Autora de livros publicados no Brasil e em Portugal, sendo os mais recentes Seiva veneno ou fruto (2016) e Romã (2019).

Rascunho