Poemas de José Aloise Bahia

Leia os poemas "Sonetos num corpo dilacerado", "Novelo num carretel", e "Novelo num carretel"
03/06/2014

Sonetos num corpo dilacerado
Pelas fagulhas cortantes do desejo, de tão quente, queimam o rosto. Bambeiam as pernas. Faz amolecer os braços. Dispara a circulação. Ofega o pulmão. Decepa tudo. O tronco subsiste devido à presença do suco gástrico recheado de 14 linhas apropriadas contra o ataque de qualquer veneno disponível no campo do olhar.

Novelo num carretel
De uma infância distante e radical, onde rolavam cilindros dinâmicos, para um fluxo maduro: a desintegração num encontro explosível em manchas de cores aleatórias. Fundo, forma espaço — embate pessoal nas entranhas. Evidências do impossível no labirinto branco da tela revelam uma ponte: Minotauro palpitante.

Novelo num carretel
lançam um pouco de tinta azul no céu
sugam o sangue daqueles que desconhecem
e esbaldando em formas e imagens — assim são alguns
desumanos, pelos quatros cantos do país indiferente às cores
tingem um quadro no céu, com pouco azul, verde, amarelo e branco
e sempre dançam em meio a uma tempestade impregnada de vermelho

José Aloise Bahia

Nasceu em Bambuí (MG), em 1961. Jornalista, escritor, pesquisador, ensaísta, colecionador e crítico de artes plásticas e literatura. Autor de Pavios curtos (2004). Participa, dentre outras, das antologias O achamento de Portugal (2005), H2HORAS (2010), Poemas que latem ao coração! (2009).

Rascunho