Sonetos num corpo dilacerado
Pelas fagulhas cortantes do desejo, de tão quente, queimam o rosto. Bambeiam as pernas. Faz amolecer os braços. Dispara a circulação. Ofega o pulmão. Decepa tudo. O tronco subsiste devido à presença do suco gástrico recheado de 14 linhas apropriadas contra o ataque de qualquer veneno disponível no campo do olhar.
Novelo num carretel
De uma infância distante e radical, onde rolavam cilindros dinâmicos, para um fluxo maduro: a desintegração num encontro explosível em manchas de cores aleatórias. Fundo, forma espaço — embate pessoal nas entranhas. Evidências do impossível no labirinto branco da tela revelam uma ponte: Minotauro palpitante.
Novelo num carretel
lançam um pouco de tinta azul no céu
sugam o sangue daqueles que desconhecem
e esbaldando em formas e imagens — assim são alguns
desumanos, pelos quatros cantos do país indiferente às cores
tingem um quadro no céu, com pouco azul, verde, amarelo e branco
e sempre dançam em meio a uma tempestade impregnada de vermelho