O negro do teatro de variedades
Desbunda na Europa!
Pousa a cabeça sobre volumes almiscarados das balconistas!
Cigarros Manoli evolando-se azulados!
A vida é doce, meu irmão!
Mas eu sei, quando o piano arrota
E os bandolins arranham-te o coração
Vibra profunda tua floresta.
Sombras de búfalos migram milenares por corredeiras pedregosas,
Sol pisoteando dourado verão.
Infinda então cresce a saudade!
Lágrimas pingam no Tipperary,
Garçons pairam sobre ixoras rubras, feito deus um dia,
E o hipopótamo em seu peito urra mundo afora!
Der Variété-Neger
Schluchze dich aus an Europa!
Leg dein Haupt auf die Moschushügel der Ladnerinnen!
Manolizigaretten schlummern so blau!
Süß ist das Leben, mein Bruder!
Doch ich weiß, wenn das Klavier aufrülpst,
Und Mandolinen dein Herz zerkratzen,
Regt sich dein Urwald.
Braune Büffel wandern alt am steinigen Flußlauf,
Sonne zerstampft deine goldenen Sommer.
Dann: unendlich groß wird deine Sehnsucht!
Tränen tröpfeln in das Tipperary.
Kellner schweben aus Feuerbüschen wie einst der Gott,
Und das Nilpferd deines Herzens brüllt durch die Welt!
…..
Os canários
Os mais tristes da tarde de domingo, os canários,
Balançam-se nos galhos de sua gaiola
Na desbotada floresta azul do papel de parede.
Oh, mesmo a viúva, sua irmã mais velha,
Os deixou sós: com todo o fervor de seu tímido coração
Ela portava um chapéu de verão
Suavemente pela Rua Linden afora!
O cavaleiro cintila ainda em sua fotografia,
Perto do abajur precipitam cachoeiras ao sol,
O par de vozes amarelas, porém, anseia voar, voar
Longe, longe para o mar de impetuosas nuvens,
Balançam os galhos férreos tilintantes da gaiola,
Os mais tristes da tarde de domingo, os solitários canários.
Die Kanarienvögel
Die Traurigsten des Sonntagnachmittags, die Kanarienvögel,
Schaukeln ihres Käfigs Geäste
Im blauverblichenen Walde der Tapeten.
O selbst die kleine Witwe, ihre alte Schwester,
Ließ sie allein: sie trug ihren Sommerhut
Behutsam in die Lindenstraße hinaus,
Mit all der Sehnsucht ihres schüchternen Herzens!
Auf seiner Photographie funkelt noch immer der Kavallerist,
Um die Lampe stürzen Wasserfälle der Sonne,
Die gelben Stimmehen aber verlangen zu fliegen, zu fliegen
Fern, fern ins Meer entglühender Wolken,
Schaukeln die eisernen, klirrenden Äste des Käfigs,
Die Traurigsten des Sonntagnachmittags, die einsamen Vögel.
…..
Submundo
(in: Aktion, 1917)
O carro dourado desliza como um barco sobre a noturnamente profunda avenida
Montanhas ribombam na noite fustigadas por nossos fortes faróis.
Por entre abismos caímos no mundo com alongadas asas d’anjo.
Eis o cabaré. E vapores divinamente nos envolvem.
Oh já à entrada recebe-nos o fraque em redundantes vênias.
Um recitador deixa o suburban’olor de bebida rescender da boca preta:
De matrimônio e funerais da costureirinha lacrimosa.
Cupido rompe súbito portas douradas e rosadas dançarinas lançam pernas ao alto como serafins.
Você, ao bufê, antes meretriz, pálida no cesto d´anêmonas geladas,
Com seus olhos imensos redondos, feito um inseto da noite encarando das rosas,
Seja a tocha de nossa dança macabra!
Mas, além, as sombras noturnas mais s’agitam:
Um proletário toca-me o ombro: “ei, companheiro, saudação!”
Um pedreiro, embora emergindo do subtérreo túnel de trem
Com um alvo macacão brilhante de tão claro,
Mas a nódoa preta queima nele, é o coração faminto.
Música! Música! A terra é música petrificada!
Vou liberá-la ressoante em belos nomes de puta.
Oh fraque, por que ri? O ouro da vida dilapidei neste inferno.
Oh carro, barco impaciente, que à terra preta um dia nos depõe!
Unterwelt
Das goldne Auto gleitet wie ein Kahn auf nächtlich tiefem Boulevard.
Gebirge donnern in der Nacht, gepeitscht von unserm scharfen Licht.
In Schluchten stürzen wir mit aufgetanen Engelsflügeln.
Da ist das Kabarett. Und eine Wolke hüllt uns gotthaft ein.
O schon am Eingang steht der Frack mit seinen tausend Buckeln.
Ein Rezitator läßt aus schwarzem Mund die fuseldumpfe Vorstadt qualmen:
Die Hochzeit und den Leichengang verweinten Nähmamsells.
Da stößt Cupido goldne Türen auf und rosa Tänzerinnen schleudern ihre Beine wie Seraphen.
Du am Buffet, gewesene Kokotte, blaß im Korb erfrorne Anemonen,
Mit deinen großen runden Augen wie ein Nachtinsekt aus Rosen stierend,
Sei du die Fackel unsrem Totentanz!
Doch tiefer noch, die Schatten wirbeln dunkler.
Ein Proletarier klopft mir auf die Schulter: “Ho, Genoß, Salut!”
Ein Maurer, stieg er eben aus dem Untergrundbahntunnel,
Mit einem weißen, schimmerweißen Kittel,
Doch brennt ein schwarzer Fleck darin, sein ausgehungert Herz.
Musik, Musik! Die Erde ist versteinerte Musik!
Die lös ich wieder frei mit Dirnen schönen Namen.
O Frack, was lächelst du? Mein Lebensgold zerschmolz in deiner Hölle.
O Auto, ungeduld’ger Kahn, der uns zur schwarzen Erde wieder trägt!