big bang day
quando os meteoritos se despencaram em cima da santa filomena pernambucana
ela não propagou o som de pancada seca como sinal de cura. reteve a flor, o sertão exalado do lírio, a queda dos condritos. nebulosos rochosos que nunca chegariam a planeta. tentativa prota vesta ceres de um big bang day de carteiras-cratera verdesamarelas. sobra malograda que apedreja a terra, esse erro. e erra o alvo, a calva, a alvorada. a fera, o faro, a cabeça do naro e sua cara de duzentos lobos.
subtraído da ausência e do acordo
teu coração de exíguo
e desmedido amor
erra a porta, a casa
a distância incorpórea
dos nossos endereços
a curva da saturnino
virando à esquerda.
espera o equinócio, a flor
a noite extenuada do dia
o dia declinado da sombra
o sol solfejado da clave
enquanto escreve a pauta
a nota, ou troca a quinta
ou quarta corda do violão.
lê sêneca, o eliot
o idílio, a ilíada e cãibra.
e quase nunca sublinha
as cartas, as sumas
os trechos devotados
dos que se amam em demasia
e se arremessam.
lábaro
henrietta leavitt, tu ririas
se tivesses que calcular
as mais de duas dúzias
das estrelas nebulosas
figuradas na bandeira
do solo de marcelo gleiser.
distanciam-se pelas pontas
em selfie-Céus desiguais
e constelações vexatórias
de cruzeiros e escorpiões.
acima, a sigma do octante
em sigmas.
o excesso de somas.
a esfera atravessada
por uma zona branca
em sentido oblíquo e descendente
da esquerda para a direita,
da ordem ao dolo.
geometria troncho-federativa.
abaixo da esfera, a pátria, a raxa:
a mulher é um losango amarelo
distendido (como quando queremos,
através das mãos, demonstrar
o desenho do seu sexo).
não ririas, henrietta, das tuas
hidrogenadas, ao vê-las, anãs,
caídas ao óleo ou à lama,
lacrimando a pimenta, o brometo
de benzila, o céu em fogo, desazulado,
dos deuses da goiabeira.