Poemas de Dyl Pires

Leia os poemas "sem titulo" de Dyl Pires
01/07/2004

O cego de violino em punho
Tinha por bengala uma flor.

O cão do escritor era cego.
O gato invisível.

Um abandono suspenso entre palavras
A melancólica bengala.

O máximo de solidão que eu resisto
é uma pessoa, um poema, um suicídio, um delírio,
um demônio, um abismo, um desejo, uma melancolia,
um desassossego, uma traição, um bispo do Rosário, uma obsessão,
um Hitler, um São Francisco de Assis, um ir e vir, um James Joyce,
um quase naufrágio, um pecado, um Dante, um Sísifo, um cansaço,
uma pergunta: Pai, superação ou fracasso?

Enquanto a ave noturna do coração canta imorredouros silêncios
Lambe pétalas o chão.

Lúcia está parada na varanda
Como a eternidade nas minhas sobrancelhas.

Dyl Pires

Autor de “O cíirculo das pálpebras”

Rascunho