Poemas de Carlos Rodríguez Ortiz

Leia os poemas traduzidos "Envelope" e "Calçadas sem sapateados"
01/04/2002

Apresentação e tradução de Claudio Daniel

Carlos Rodríguez Ortiz nasceu em Santo Domingo (República Dominicana) em 1951 e faleceu em Nova York, em 2001. Publicou El ojo y otras clasificaciones de la magia (1994), que ganhou o Prêmio de Poesia Pedro Henriquez Ureña. Foi dos fundadores da revista De Azur. Tem inéditos: El West End Bar y otros poemas; Puerto gaseoso e Volutas de invierno.

Sobre

Después de la experiencia del mercurio en cuanto
a sus fisuras y tentáculos aparece un sobre blanco
discretamente rayado.
Va el señor y se desplaza con la mano en el sombrero.
Crujen los occipitales bajo el embarazo de la fibra última
y está distinto el panorama, sereno, oscuro como este renglón de otoño.
Es caso, fuego cortado el filtro lleno de líquido blanco y espumoso.
Así el distante de sí mismo, lo ácido del vuelo
ahora que me salpico de barniz y aclaro mi posición de uñas mansas.
Me declaro tal cual soy sin precisamente sujetarme en mis niveles.
Osan las alas en un desierto panorama donde atino la neutralidad
y oprimo vida y muerte.

New York Oct. 13-96 (Under Hill)

Envelope

Depois da experiência do mercúrio enquanto
a suas fissuras e tentáculos aparece um envelope branco
discretamente rajado.
Vai o senhor e se afasta com a mão no chapéu.
Rangem os occipitais sob o embaraço da última fibra
e está distinto o panorama, sereno, escuro como esta nota de outono.
É caso, fogo cortado o filtro cheio de líquido branco e espumoso.
Assim o distante de si mesmo, o ácido do vôo
agora que me salpico de verniz e aclaro minha posição de unhas mansas.
Declaro-me tal qual sou sem precisamente sujeitar-me em meus níveis.
Ousam as asas em um deserto panorama onde atino a neutralidade
e oprimo vida e morte.

Aceras sin zapateos

Voy a cortar los ojos a la proyección (las alas del vuelo,
como han indicado otros) y operar desde otro plano, entarimado.
Mi casa es quizás muchos lugares.
Construyo su facsímil andando por las avenidas,
entrando a tiendas amarillas quemadas por el norte
con la mano en el bolsillo, revisando mis monedas y observando
a esta cajera de tez negra que dice palabras
ininteligibles en una lengua igualmente dorada.
Paso de una calle a otra y hay un vaho de chimeneas
en los edificios que contemplo.
Sigo calle adentro y sigo divisando las cosas que me resultan
familiares (por mi hábito de verlas).
Finalmente regreso a mi casa y saludo a alguna gente.
Los barrenderos esconden sus escobas después de uniformados
y se paran en la acera y a veces no saludan.
Les doy el lenguaje agradable de mis labios a Darío y a los
otros que se beben el día en sus jarras de cebada.
Vuelvo entonces.
Espera otro recinto, la casa referida y no ésta, disuelta
en la abstracción.
Villa Carmela de Apellido Samper.
Eso que queda de los ojos el reloj olfatea.
Hay que andar, echarse al metro y esperar las páginas ajadas
de una calleja llamada Tiemann Place.
Ahí está la ¡luuuuuu nah!

Calçadas sem sapateados

Vou cortar os olhos à projeção (as asas do vôo,
como indicaram outros) e operar desde outro plano, assobradado.
Minha casa é talvez muitos lugares.
Construiu seu fac-símile andando pelas avenidas,
entrando em lojas amarelas queimadas pelo norte
com a mão no bolso, contando meus cobres e observando
esta vendedora de tez negra que diz palavras
ininteligíveis em uma língua igualmente dourada.
Passo de uma rua a outra e há um vapor de chaminés
nos edifícios que contemplo.
Sigo rua adentro e sigo divisando as coisas que me parecem
familiares (por meu hábito de vê-las).
Finalmente regresso a minha casa e cumprimento algumas pessoas.
Os varredores escondem suas vassouras depois de uniformizados
e param na calçada e às vezes não cumprimentam.
Dou a eles a linguagem agradável de meus lábios, a Darío e aos
outros que bebem o dia em seus copos de água de cevada.
Volto então.
Aguarda outro recinto, a casa referida e não esta, dissolvida
na abstração.
Villa Carmela de Apellido Samper.
Isso que fica dos olhos o relógio olfateia.
É preciso andar, atirar-se ao metrô e aguardar as páginas surradas
de uma ruela chamada Tiemann Place.
Aí está a luuuuuu ah!

Claudio Daniel

É poeta e tradutor.

Rascunho