império das luzes
a René Magritte
a noite me dá o seu não-saber de luz
e eu corpo de dia: escuro
(nem nada nem tudo)
a luz descobre ausências
desiste de vazios
declara certezas
mas tal qual pierrot
luta em segredo por seus óbvios
*
invejo os rios
e seus desapegos
não se guardam
nem água
nem cacimbas
nem suas margens
são o que não
juntam
*
pai fazia arapucas
pra pegar preás
sempre gostei desse nome
: arapuca a-ra-pu-ca
as grandes armadilhas
começam no discurso