O inglês do Cemitério dos Ingleses (5)

Leia parte (4) do romance "O inglês do Cemitério dos Ingleses", de Fernando Monteiro
01/11/2005

6. Um mentiroso da nova Londres
Veio, então, uma nova notícia enviada por Gerald Glaser: Bert Fielding estava vivo, sim, informava ele, porém deitado numa cama, em estado de “relativa confusão mental”, após dois derrames.

Tinha 84 anos, nunca fora um homem muito forte, e agora alternava momentos de lucidez com aqueles das vítimas de um AVC, que enfrentam seqüelas neurológicas. “Não ganharias muito (ele achava) com isso de tomar um avião… fazer uma longa viagem para entrevistar um homem que, talvez, fosse jogar um pouco de sopa na tua cara (Glaser e suas imagens), na melhor das hipóteses”. Glaser tinha tempo para especular na tarde (a manhã não era com ele), tomando uísque com café muito forte (como gostava): Bert talvez ainda pudesse manter um fio de conversação razoável, porém seria só por instantes, até cair nos monólogos sem pé nem cabeça que costumava recitar para as paredes.

“Cabe a você avaliar”, o bom Gerald ponderava, nada lacônico e longe do estilo telegráfico dos seus postais manchados. A carta era uma carta de verdade, em papel azul fino, sobre o qual ele escrevera, dessa vez, as missivas literárias do gosto de um irlandês aposentado, sendo boas as linhas de descrição do hospital só aparentemente confortável, onde o “pobre homem” iria certamente morrer, nos próximos meses (se não semanas), de volta ao anonimato. Glaser até informava que tentaria obter uns trocados de O’Toole para o sobrevivente Fielding — “Peter continua interessado nas coisas do Lawrence, um dia desses eu fui a Soho Square, e lá estava ele com o albornoz do filme na cabeça branca, ainda tentando ‘melhorar uma fala’ do longa-metragem de 1962. Mesmo que ele a gritasse, quem o ouviria, para além do número 32 da praça molhada? É Peter O’Toole gritando para dentro do passado recente de alguma frase do passado remoto da vida do verdadeiro Lawrence”…

E acrescentava, num longo “PS” escrito à mão (enquanto o resto fora datilografado na máquina, ainda não aposentada, de Glaser):

Sei que não é uma boa notícia, mas saiba que o velho não se mostrou inteiramente alheio ao assunto de Lawrence. Eu gravei o que foi a nossa ‘conversa’ — se merece esse nome — e você poderá ouvi-la, se quiser que eu lhe mande o cassete. Numa das seqüências de frases concatenadas, suas menções ao acidente incluíram um estranho produto daquela cabeça confusa. Já ouvi e voltei a ouvir, para ter a certeza do que Fielding diz, em certo momento, no meio das frases soltas. É algo sobre a morte de ‘Lawrence da Arábia’ ter por motivo a cabeça do rei  (eu ouvi ‘king’, perfeitamente) que não estava mais com alguém, segundo entendi, cujo nome Bert substituía por um gesto obsceno da mão… feito, aliás, com o que eu chamaria de quase encantador sorriso sem dentes, fingindo ‘vergonha’ diante da enfermeira. Não sei o que possa significar, mas a frase é clara: ‘Lawrence havia morrido porque o carro preto foi posto bem atrás dele e todo o ouro do Banco da Inglaterra, da Arábia, não poderia pagar a morte no lugar dos meninos do coro a cantarem por (aqui é inaudível)… na casa das nuvens’. Você talvez será capaz de entender, melhor do que eu, que levei sopa na cara, cuspida pelo malandro. Enfim, caberá ao meu amigo decidir se vale a pena vir ou não vir para Londres. Repito: será meu hóspede, sabe disso (o endereço é o que já sabe, e o telefone é…

Só descobri que Glaser estava mentindo a respeito de Fielding ao chegar em Londres, menos de uma semana depois. Não foi o que pensara, logo ao receber a carta, porém foi o que eu tive de admitir, com alguma relutância, porque gostava de Gerald, ele estava lá nas minhas lembranças de Roma, com o seu melhor sorriso blasé que era o que a cartinha tentara imitar (depois explicarei por quê), por ora digamos que, por puro instinto, ou sei lá por que motivo (nenhum bom, eu teria, nessa altura), não fui para o apartamento do meu amigo, tão gentilmente oferecido, mas fiz o seguinte: após pegar o saco de viagem, com pouca roupa, para uma viagem a Londres (o que deduzi do absoluto desprezo da alfândega britânica), avancei pelos corredores da segurança mais do que reforçada no aeroporto de Heathrow. Eram 5 milhões de câmeras de vigilância (isto não é frase, mas a contagem, que deve ter aumentado bastante), uma para cada treze habitantes do país mais vigiado do mundo. Elas estavam nos lugares fechados e nas ruas, instaladas estrategicamente, porém em franca violação de um direito elementar de todo e qualquer cidadão de uma sociedade democrática: o da presunção de inocência.

Fiquei, de imediato, com a sensação algo claustrofóbica de estar sendo acompanhado eletronicamente — o que duraria até tomar o avião, de volta —, mal adentrei os controles da aduana fria e desconfiada como são, agora, os portões de entrada nos países da Europa ocidental. Em Londres, não há pressa, qualquer tipo de pressa solícita com o visitante, o turista, o estrangeiro — em nome da segurança máxima que suspeita de todos, até prova em contrário, até a certeza de que não há um detonador de bomba amarrado aos testículos dos não-europeus, principalmente. As mulheres suspeitas são obrigadas a tirar toda a roupa, a fim de serem examinadas nas partes íntimas, por inglesas feias calçadas de luvas ginecológicas pouco menos que ameaçadoras — quando se trata de uma mulher oriunda do Oriente Médio que não goze da (relativa) proteção de um passaporte diplomático autêntico. Passaportes brasileiros, aliás, são vistos com grande desconfiança, porque são documentos fáceis de falsificar — ou eram. Agora, parece que teremos um passaporte de acordo com o desejo da América e da Europa, temerosas de quem entra nos seus territórios candidatos a alvos de ataques e atentados, em qualquer lugar, a qualquer momento. Ninguém pudera me avisar de tantos procedimentos de segurança, na viagem inopinada, decidida de uma hora para outra, à minha maneira neurastênica. Só que o mundo estava mudado, eu via, e parecia pouco receptivo para alguém como eu, viajante nervoso sob controle o bastante apenas para esperar, esperar e esperar, porque fora assim que eu fora bater num porto remoto do Adriático, no começo de 1980, cercado de águas frias e casas fechadas, perto de…

Sou chamado, afinal. Penso no siflo daquelas águas contra barcos cujos nomes eu não compreendo — enquanto respondo, mecanicamente, ao funcionário da alfândega que parece com Cyril Cusack. Há soldadinhos e agentes de segurança circulando entre portas e vedações do limbo antes da área de circulação já “dentro” da Inglaterra, eles esperam que você seja uma ameaça porque é melhor desarmar (ou destruir) a “ameaça” do que esperar, interminavelmente, ou ser surpreendido por ela. É a lógica do medo, que o Estado não sabe nem quer dosar…

Estou pensando no cheiro de lã tosada, fumo e arenque que vinha dos barcos parecendo abandonados naquela cidade à beira do mar, porém tenho que preencher um novo papel, agora, com meus dados de novo, porque parece que me aceitam, depois de minhas reiteradas confissões de amor por Albion, de admiração pela cultura e pela educação britânicas, no final de quase seis horas de espera. Liberado (com certa relutância?), rearrumo minhas poucas coisas no saco — haja saco — e sigo para a central do aeroporto, a fim de embarcar, no metrô, diretamente para um endereço que não fora fornecido por Gerald Glaser… e que não era, é claro, de nenhum hotel de Elephant & Castle, a zona longe do centro em que eu gostava de me hospedar (e que era ainda a mais barata, na cidade-fortaleza).

Foi a minha sorte.

“Après la mort de son père, et en fréquentant des irlandais, comme Bernard et Charlotte Shaw, il se prend de curiosité et d’affection pour la patrie de sa famille et Lawrence avait comme projet d’écrire une biographie de Roger Casement”…

Ficar ouvindo o ex-diplomata francês falar ao telefone — com a costumeira antipatia gaulesa pela figura totalmente britânica de T. E. Lawrence — me pusera, ainda no Brasil, na pista inesperada de Casement, por estranho que pareça.

Casement. Alguém ainda se lembra de Roger Casement? O IRA, o que resta dele (se resta alguma coisa), deve guardar a memória do diplomata enforcado na Inglaterra, em 1916, enquanto D. G. Hogarth enviava, no mesmo ano, o jovem tenente Lawrence diretamente do Bureau Árabe para atuar como conselheiro militar da família hachemita em pé de guerra contra os turcos…

“Après la mort de son père” (ele falava cantante como uma cotovia na chuva)… e, bem, ali estava eu, lendo as últimas páginas do livro do ex-diplomata, de título longo na sobrecapa amarela: ROGER CASEMENT — Un martyr ambigü de la cause irlandaise, biografia escrita com a adesão só de uma parte do entusiasmo do autor — se é que havia entusiasmo na obra que eu continuava a ler no vagão de metrô londrino onde o magro saco de viagem se aninhava debaixo dos meus sapatos, como um cachorro cheio de adesivos no couro arrastado de Seca a Meca (onde ficava Seca?). Que livro chato. Correspondia perfeitamente ao homem de voz afetada que me atendera, via satélite, como se atende um estudante com preguiça de fazer consultas em bibliotecas abertas para quase ninguém, depois das informações imediatas, achatadas e furadas da internet.

Eu tinha muitas perguntas para fazer a ninguém, no vagão da classe média inglesa que agora só lia jornais de esportes. Uma delas: o que teria feito Casement durante os vinte longos anos vividos no Congo, na costa da Nigéria, em Lourenço Marques e em São Paulo de Luanda? Ele chegou em 1884, naquela África de sete anos depois da viagem de exploração de Stanley, entre 1874 e 1877, seguindo o curso de um rio perdido no continente negro, “em busca da sua nascente oculta como um diamante negro num tufo de pêlos pubianos”…

Que imagem inesperada (tanto quanto exata)! Aquele era um livro para se ler num metrô apinhado de ingleses mal-humorados e inglesas ausentes, de pêlos pubianos certamente raspados como a cabeça de Kojak. (Kojak? Quem ainda se lembrava de Kojak?) Minhas perguntas migravam do livro para o entorno, meus pés pisavam no saco de bagagem, eu trouxera pouca roupa e temia o frio, como sempre — arrependido de ter vindo por um impulso, um empurrão da vida mental que, em mim, é o mais forte (e, também, o mais confuso). Quem se importava com Casement, Lawrence, o século sumido, as coisas gastas nas esquinas coçadas do mundo? As perguntas não me ajudavam em nada. A minha vida iria se escoar entre enganos, fascinada por falsas questões referentes a outros. Um amigo me dissera, um dia: “Falta, na sua vida, a vulgaridade do amor por uma mulher de carne e osso, uma pessoa real e não exatamente boazinha, não uma professora tímida que você possa mistificar e ensinar a cozinhar bem, a arrumar livros e a desprezar a televisão. Você precisa de uma medusa de lábios pintados, quase uma puta controlada, uma Messalina sob o efeito de Prozac, uma falsa mulher calma que signifique o desastre para essa sua vida entre livros e mortos”…

Livros e mortos. Ele tinha razão.

7. Casement
Casement era ressuscitado, ocasionalmente, pelas listas do movimento gay sempre reivindicando heróis para a causa secreta do príncipe Charles (ninguém que não odeie mulheres pode se interessar, amorosamente, pela magra e musculosa Camilla Parker-Bowles). Podem restar dúvidas a respeito do herdeiro maduro da Coroa, mas sobre Roger Casement as listas têm razão em lhe concederem um dos primeiros lugares, no começo do século que viu se fanar a rosa tatuada na nádega de Oscar Wilde. Marcel Proust respirava o ar abafado do seu quarto, meio escondido do mundo — ou pelo menos daquele mundo particular descrito por ele na longa crônica social já consagrada como obra-prima melancólica, enquanto Casement escrevia, para si mesmo (mesmo), aqueles “diários negros” recentemente autenticados. São do punho do diplomata as anotações sexuais obsessivas, na maior parte das páginas, para com os nativos da África e do Brasil, de “grandes membros” eretos como o homem-macaco que Casement quisera libertar das atrocidades cometidas pelos poderosos do Congo, através de um relatório que fez publicar em 1904. Causou comoção e, mesmo, certo escândalo nos redutos residuais da moral vitoriana, o que talvez faça datar desse “reacting” a sua imersão total na causa irlandesa (porque, mais do que nunca, não confiava na falsa moralidade britânica para resolver o verdadeiro escândalo: o trabalho escravo).

Em 1906, designado para o consulado inglês em Santos, começou o período “brasileiro” da sua vida — o qual terá importância não só do ponto de vista da carreira diplomática de Roger. Por algum motivo obscuro, é transferido para o calor úmido e as “chuvas iradas” do Pará, antes de voltar para o sudeste do país, na condição de cônsul geral, no aprazível Rio de Janeiro, posto assumido em 1908, por um diplomata já bem aclimatado ao país, segundo o Gilberto Freyre melífluo que escreve, em Ingleses no Brasil: “Notáveis por seus relatórios oficiais ficaram cônsules completamente integrados no rame-rame consular como o Sir Roger Casement que foi representante de S. M. Britânica no Rio, nos princípios deste século; e nos deixou sobre a situação dos indígenas dos seringais da Amazônia páginas de valor sociológico e não apenas de interesse burocrático. Mas desse Sir Roger, tão sugestivo no modo de redigir seus ofícios ou relatórios, pode-se reparar que também ele não foi puro funcionário consular. Dentro do burocrata aparentemente ortodoxo havia um herege. Um revolucionário terrível. E a causa a que o revolucionário servia era precisamente a dos inimigos de Sua Majestade Britânica: a dos republicanos irlandeses aliados dos alemães na guerra de 1914-1918…”

O homem cuja biografia T. E. Lawrence pensava em escrever (nas horas vagas da desmobilização compulsória), ainda faria novas denúncias, no Brasil, redigindo e publicando o muito interessante “Relatório Casement sobre a exploração dos índios do Alto Amazonas”, como é conhecido o documento, meio oficial e meio literário, do futuro cavaleiro do Império Britânico caído em mais do que desgraça. Roger voltou para casa em 1910 e, para surpresa de todos, empregou a reforma do serviço ativo em coisa bem diferente da passividade de um aposentado: entregou-se ao que os relatórios da polícia chamavam de “atividades clandestinas ligadas ao movimento irlandês de resistência”.

Ele foi para Nova York e também para Berlim, num mapa bem acompanhado por agentes que viajavam (só que na segunda classe), disfarçados de professores ingleses interessados em catadores de conchas. Na capital alemã, Casement fez inesperados (e “temerários”) contatos com o alto comando do exército alemão, visando libertar os prisioneiros irlandeses que quisessem lutar ao lado da Alemanha, contra a Inglaterra. Mais: pretendia obter o apoio germânico às atividades terroristas do IRA, quando então passou a ser procurado pela polícia como elemento muito mais perigoso do que inicialmente se imaginara, no círculo da contra-espionagem.

Em 1916, o ativista foi capturado, após desembarcar de um submarino alemão, três dias antes da chamada Rebelião de Easter. Enviado para a prisão, não demorou a ser julgado por “alta traição”. Nada mais insuportável, para os ingleses, como epílogo da carreira de um antigo alto funcionário da diplomacia do Império, e a punição fora a esperada: Roger Casement ouviu a sentença de morte decretada por um magistrado de Sua Majestade, e o seu enforcamento se deu, não muito depois (foi tudo muito rápido, com ele), na prisão de Pentoville, no dia 3 de agosto de 1916.

As tentativas de obter a comutação da sentença de morte em prisão perpétua — baseadas na sua folha de serviços do condenado — resultaram só em conversa, tendo em vista a divulgação, naqueles dias, dos tais “diários negros” nos quais Casement havia descrito, com detalhes, seus encontros sexuais com africanos, brasileiros, portugueses e uma multidão de homens comparados e medidos, com régua, nos seus dotes celebrados pelo “diarista pervertido” que chocou o rei e o parlamento traídos por um “servidor sem dignidade e noção da honra”. Esse fora o homem que…

A estação do metrô em que eu devia saltar estava chegando. Levantei-me, arrastando o saco de viagem, para abrir caminho entre europeus e não-europeus compostos como retratos cheirando a suor — suor no frio, impregnando a  roupa — naquele vagão menos silencioso pela conversa de um grupo alegre de africanos todos vestidos com o mesmo padrão de terno, gravata e um pequeno chapéu de esportistas recém-chegados para alguma competição obscura, dessas que estão sempre acontecendo, a toda hora, em toda parte, na Europa obviamente incomodada pela herança das ex-colônias politicamente libertadas: interesses das empresas que haviam ficado, fascínio — indisfarçável — dos nativos e alguma culpa-no-cartório. Turbantes suados, cabeças etnicamente raspadas e tatuadas, dentes brancos e ódio debaixo de gentilezas forçadas — eu pedia perdão por avançar com a sacola imprensada contra canelas e coxas —, eles grunhiam alguma desculpa, de volta, sem se afastarem um centímetro do caminho de mais um estrangeiro com seu saco, mas eu saí, afinal, para o ar gelado. Voltarei, no entanto, à vivência do cônsul Casement no Brasil — e pretendo chegar também ao tão interessante encontro do “traidor” com o escritor Joseph Conrad, em 1890, no Congo da rapsódia em negro que é O coração das trevas (alguém já parou para contar quantas vezes “escuro”, “preto”, “ébano” e todas as graduações do branco, do cinza e do negro aparecem ao longo das cento e poucas páginas do único livro que eu levava comigo, além de CASEMENT: un martyr ambigü de la cause irlandaise?)…

O suntuoso, o sombrio e até mesmo sinistro Heart of darkness é o livro que sempre retiro da estante para levar na bagagem reduzida ao mínimo possível, de acordo com a previsão dos dias ausentes da casa onde vivo quase como recluso. Não se deve levar mais de um livro como releitura — porque não concebo que se possa arriscar, em viagens, ler um livro novo ou alguma obra desconhecida, um volume ainda não lido, cujas páginas sejam virgens da leitura de alguém, como eu, que tem com os livros uma sensual relação tão estreita quanto… Não sei de um bom exemplo para dar idéia do quanto um livro é íntimo para mim. Então, nunca irei levar um desconhecido comigo, uma obra estranha para dormir com a minha mente entregue a uma interrogação. Um livro que eu leve comigo tem que ser um livro cujo tipo de companhia eu conheça como se conhece uma trilha sulcada na selva escura. Então, eu levo o Coração por isso: porque conheço sua viagem tomada de um desespero e de um temor que crescem, rio abaixo, até chegar ao destino de pesadelo, e também porque conto e reconto quantas vezes “ébano”, “preto”, “escuro”, “negro” e outras palavras dessas pontuam a narrativa do polonês transformado em mestre supremo da língua inglesa.

Fernando Monteiro

É escritor, poeta e cineasta. Autor de Aspades, ETs, etc., entre outros.

Rascunho