Tradução: Ronaldo Cagiano
ela sabia do arco-íris
falava-lhe dos sete mares
ele a convidava a ver os trens
lhe presenteava com pipas
ela sabia do sol e das maçãs
dos caminhos que levam a roma
ele odiava as gaiolas
as árvores secas
a noite de sonhos despidos
os uniu
com gritos de diamantes
…
formigas e uvas
no bar do alberto
feijão na cabeça da mesa
marcam a sorte pelas costas
dorme-se à noite
com fósforos e chamamé
espanto e magia
murmúrio de surpresa
em lábios fronteiriços
rodeados pelo ruído dos passos
…
a sola do sol me pisa
um cão observa o coração estilhaçado
sobre um assento rasgado
cordas de loucura
em lugar de quê?
gritam despojos em terra muda
os quatro ventos e suas promessas
devoram noites
avançam
com violinos ao ombro
mãos de sal em espelhos quebrados
encontraram ouvidos com seu verbo machucado
asas de areia
desgarradas
simulam infortúnios
a sola do sol me pisa
não dói
beijo na boca
o ramalhete de nuvens
que me guarda
…
pela rodovia
vou ao teu universo
para alegrar-me
e deixar para trás dias assassinos
enquanto girassóis
bebem de minha alma
lágrimas amarelas
celebro o ruído
das aves batendo asas
…
deixo cair a cinza
no olho de vidro
a rádio esfrega notícias
tudo é assim
sempre
sobre um ventre solitário
esqueço que dia é
em que harmônico ponto iniciarei a volta?
na casa fragmentos de risos
pendem da cauda do inverno
hoje o mundo se parece com você