Tradução: Ronaldo Cagiano
Outro dia
Alvorada do absurdo
segue minha vida de pé
canto na última esquina versos azuis
percorre a ruazinha
mais lamentos que cores
às vezes o anel
ganho tempo e sigo
E quando não pode?
já veremos. Vou
feliz por ser feliz, às vezes
/por agora/
salvo-me
não sei amanhã
não sei ao final.
…
Festejando cinza
Teu adeus sem luzes
traça meu caminho
vestida somente de perguntas
repetidas
imóveis
Quantos milagres hão de passar
para saber-te distante?
Quanto verão invernará aconchegante?
Quanto mais haverei de sangrar
para que o esquecimento chegue
e se instale
com caminho definido
céu limpo nos olhos
cheiro de pêssego na pele
carícia verdadeira
como um menino adormecido em meu peito.
…
Epílogo 2
Outra maneira de inventar-te
para crer no que foste
me seguro ao nada sem linhas
que sustentem essa pele adormecida
estas cinzas que se esparramam ao vento
e volta a juntá-las e não sou eu
porque já sou outra
o não sou ainda.
…
Segundo os olhos
De acordo com quem olha
o futuro pode ser
rosa sensível pálido
celeste limpo aleatório
negro opaco final
vermelho urgente intenso
amarelado triste gasto
verde fresco sereno
cinza solitário incerto
branco vazio nu
azul eterno único.
De açodo com os olhos
o futuro pode ser
ou não.