Poemas de Claudio Sesín

Leia os poemas traduzidos "O céu", "Cinzas sobre fogo", "Alma" e "A grande festa"
01/06/2009

Tradução: Antonio Miranda

O céu

Minha gente é um relato de graves despedidas.
Quase recém pisadas sobre o ardente ocaso,
entre a areia de luas e a palavra monte,
os traços estelares tornaram suave o tempo.
Eles vêm de sempre e eu com eles.
Vem como o vapor nas encostas,
flutuam como o vento taciturno,
fluem no sentido dos astros, plenos.
Eles vêm de sempre e eu com eles.
Céus do Puma.
Como a terra pelos carnavais,
eles desandam seu tremor
sob este mar turvo que dança e rebenta.

Cinzas sobre fogo

E vamos cantando.
com a voz aspirada e murmurante,
nos mata na memória
o inefável tempo do espanto.
Vamos por ir ao dia que termina,
e nos engalanamos de trovões e relâmpagos.
Que festejarei amanhã quando o povoado
seja tão somente sombra compungida
sem fogueiras, nem festas estelares?
Que brindará sua voz como seresteiro
para que cante Deus aprisionado
e adiante os céus à terra
por este ano feliz que ainda esperamos?
De que amor estão feitos os homens olvidados?
Mãe de minha Alma! Terra!
De tanto ver os morros e a distância,
a gente sente a fraqueza do silêncio,
e não quer pedir milagres miseráveis
ao tempo que esvai desesperado.

Alma

Guardo em silêncio traços milenares
submersos no fundo de meu abismo,
como uma flor de cardo no batismo
renascendo de ritos funerários.

A grande festa

Eles estão dançando.
Estão dançando alto cruzando o infinito
e os séculos de história e as causas perdidas,
entre flores de luz nascidas do orvalho.
Estão dançando enormes como astros acesos,
cada veste uma história, um mínimo detalhe,
cada quem, cada qual, detrás da máscara,
somente os olhos ocos na cara
para que ninguém saiba de que espírito
os dançarinos guardam sua linhagem.
Cada quem, cada qual, a vida e isso,
o tempo que brigamos em sonhos
dançando-lhe os medos da morte.

Claudio Sesín
Nasceu em 1959, em Villa Dolores, Valle Viejo, tendo passado sua infância em Pomán, província de Catamarca (Argentina). Integrou o conselho editorial do jornal El Cronópio, do Movimiento de Escritores para la liberación (MEL), colaborador das revistas Agua ardiente e Ideas. É autor de La barbarie (1993); El círculo de fuego (1997), El signo del crepúsculo (2006) e El libro de los poemas casuales (2008). Vive em San Fernando del Valle de Catamarca.
Antonio Miranda
Rascunho