Solo para Vialejo
(excerto)
o violão de seu dim
cordas quase elétricas rosto ancestral
andaluz
andaluz
andaluz
voz ligeira indigenando a melodia
tarde e tristeza em uma cidade
que parece cochilar enquanto ferve o mundo
várzea do meio você era tão perto e eu não sabia
a destreza de raimundo e zé pereira irmãos de
sangue e de música guiados por violões ciganos
de cordas inquebrantáveis recuerdos de boleros
e passos de fox dance em infinitas noites sem lua
e lobisomem onde pixinguinha pinicava nossas
almas e jackson espetava nossos corpos e todos
beberam dessa água incandescente onde a musa
vermelha fez morada e anunciou que da pequena
várzea vilarejo mameluco o som se expandiria
serra acima
andaluz andaluz andaluz
um dia minha mãe me disse
a várzea do meio é terra de índios
o sax de seu miguel
o sax de otacílio rodrigues
o clarinete de raimundo maciel
os negros tocavam banjo os negros tocavam banjo
os negros tocavam os negros sem nome tocavam
banjo
jazz band
jazz band
jazz band
jazz band união bodocoense o símbolo delicado
escrito
no bombo indicava que a borboleta azul pousou
ali
jazz band
jazz band
jazz band
quem são estes cavaleiros do
apocalipse new andarilhos de rostos
apagados silenciados nas lembranças
de uma cidade sem presente
irmanados em uma velha foto de
trincheira onde identifico apenas três
três acordes do blues
o sax de seu miguel
o sax de otacílio rodrigues
o clarinete de raimundo Maciel
a santíssima trindade da música sertã
a tríade balsâmica do araripe
o terceto identificado
entre os
nove cavaleiros emplumados
nove cavaleiros emplumados
nove cavaleiros emplumados
a tríade branca em uma jazz band onde ninguém
sabe dos negros que tocavam banjo
a linhagem
a linhagem
a linhagem
cadê a linhagem dos negros que tocavam banjo?
os negros
os negros
os negros
tocavamtocavamtocavamtocavamtocavam