Poemas de Almir Castro Barros

Leia os poemas "Enganos", "Ditadores e seus narcisóides", "Retratos — na rua" e "A Deus, ou lendo Rilke em Duíno"
Ilustrações: Rafa Camargo
01/02/2012

Enganos

Enverdecer calores é mentir,
Como igualmente faz quem ri de loucos
Dizendo-os chorar.

E enquanto difamados,
Malucos ressonham marselhesas
No firme e seu caminho — único.

Ilustrações: Rafa Camargo

Ditadores e seus narcisóides

Magnificar
O quê?

Neles,
A esperança não tem pacto:
Está em seu abecedário.

Nalguns porões,
Bichos já com garras de aço

Aguardam no chão que lhes resta
— Fogo e ordem
Déspota.

Ilustrações: Rafa Camargo

Retratos — na rua

Ferozes andam todos,
E quando esquecem a própria jaula,
Matam.

Conforme os apetites,
A devoração virá.

Luz nenhuma
Infernizará no remorso, esses,

Contra quem descerá das faixas do céu
Rapinas em multidão — famintas.

Ilustrações: Rafa Camargo

A Deus, ou
lendo Rilke em Duíno

Dos olhos
E nas águas que eles podem,
Relembro.

Então,
Fecha-se a janela onde estou,
A exigir-me
Contra o inferno dos frios
— Uma coberta.

Almir Castro Barros

Nasceu em Maraial, cidade da mata sul pernambucana, em 1945. É autor, entre outros, de Um beijo para os crocodilosO lugar da alma.

Rascunho