Enganos
Enverdecer calores é mentir,
Como igualmente faz quem ri de loucos
Dizendo-os chorar.
E enquanto difamados,
Malucos ressonham marselhesas
No firme e seu caminho — único.
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Ditadores e seus narcisóides
Magnificar
O quê?
Neles,
A esperança não tem pacto:
Está em seu abecedário.
Nalguns porões,
Bichos já com garras de aço
Aguardam no chão que lhes resta
— Fogo e ordem
Déspota.
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Retratos — na rua
Ferozes andam todos,
E quando esquecem a própria jaula,
Matam.
Conforme os apetites,
A devoração virá.
Luz nenhuma
Infernizará no remorso, esses,
Contra quem descerá das faixas do céu
Rapinas em multidão — famintas.
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A Deus, ou
lendo Rilke em Duíno
Dos olhos
E nas águas que eles podem,
Relembro.
Então,
Fecha-se a janela onde estou,
A exigir-me
Contra o inferno dos frios
— Uma coberta.