Resposta de Carrero
Coluna que publiquei neste Rascunho em janeiro provocou a ira e o destempero de um certo Antonio Carlos Mascaro, de São Paulo, que escreveu carta insensata pedindo o cancelamento de sua assinatura. Declaro que o jornal, na sua trincheira de luta, não se sente em nada diminuído com esta atitude, mas, muito pelo contrário, valorizado. De minha parte, considero-me enaltecido: a ter leitores desta qualidade, prefiro leitor nenhum; coloco-me sempre ao lado dos humilhados e ofendidos, no dizer de Dostoievski; distancio-me destas pessoas que não alimentam qualquer sentimento de justiça social reunindo-se ao podre e ao malcheiroso que brilha no universo da mentira e da perversão. Sim, de propósito usei o panfleto, como usaram os grandes escritores franceses para defender a sua gente. Tenho uma obra que se coloca contra o cinismo e a hipocrisia de uma sociedade anestesiada pela mentira de políticos inescrupulosos e de fundamentalistas que se escoram no falso Evangelho capitalista, cujo único objetivo são as sacolas de dinheiro dos miseráveis e a exploração da pobreza. Devolvo-lhe a pergunta: em que país o senhor vive? As nossas mulheres são ofendidas, maltratadas e injuriadas, algumas delas feito prisioneiras por uma sociedade cada vez mais hipócrita. E são vítimas desta tragédia social a que o sr. Antonio Carlos se refere. Mas tragédia social maltratada e depois exibida como troféus. Por fim, este defensor da moral e dos bons costumes cínicos lança ofensas a Fernanda Montenegro, acusando-a de usar a Lei Rouanet, que tem feito um bem incrível à cultura brasileira, em todos os níveis. Fernanda é um patrimônio brasileiro, e a sua existência nos enche de orgulho. Seria o caso de repetir a sentença das ruas: Dobre a sua língua.
Raimundo Carrero • Recife – PE