Preconceito
No artigo Modelos de esquizofrenia produtiva (agosto #232), João Cezar de Castro Rocha, ao nomear sua teoria de “esquizofrenia produtiva”, incorre em uma infeliz expressão, que repisa o preconceito contra os esquizofrênicos como sendo pessoas de dupla personalidade (“caráter bifronte”), o que é um conceito extremamente ultrapassado e pernicioso. A doença não tem, nem de longe, esta faceta. Assim, sugiro humildemente uma mudança. Afinal, a mídia, em geral está sempre utilizando expressões como “governo esquizofrênico” ou “política esquizofrênica”, o que demonstra um erro crasso no que tange às características reais da enfermidade. E os esquizofrênicos já sofremos com muitos estigmas e segregação por parte das pessoas comuns. E ler isto, desta forma, neste periódico que tanto admiro, e que tanto se preocupa com questões inclusivas, causa-me espécie. Acho que o exemplo poderia partir de fontes como vocês, que sempre tratam estas questões com seriedade.
Antonio Fabriciano • via e-mail
Socorro na poesia
Na edição de outubro, José Castello, no seu estilo ensaístico e singular, aproveita a poesia de Lucinda Nogueira Persona para nos brindar com um texto que disseca, de forma genial, o momento fugaz e clarividente em que a dor, que tange o poema, faz vibrar a lira oculta na alma. Sofremos, sim, da perda das ilusões. Mas quem nos iludiu senão nós mesmos? A poesia não pode habitar almas vazias. Ela nos revela, de forma clara e definitiva, não aquilo que somos, mas o que nunca seremos. E a quem satisfaz essa dança deletéria dos mundos? Alguém me responda!
Luís de Lima • Novo Hamburgo – RS