Em defesa de Amy
É de uma grande injustiça com o romance Longe daqui, de Amy Bloom, a resenha publicada na edição passada do Rascunho [De envergonhar o mago, de Luiz Horácio]. Não defendo o livro por ser sua tradutora — em dez anos de carreira já traduzi livros bastante ruins, e não sou paga para gostar deles. Mas Longe daqui é um ótimo romance, e um de seus grandes méritos é não dar espaço para o sentimentalismo açucarado e a pieguice mesmo ao contar uma história de tristeza profunda, ao contrário do que alega a resenha. Amy Bloom narra com admirável distanciamento (e quase frieza, às vezes) eventos sórdidos e angustiantes, que com rédeas mais frouxas poderiam engendrar um dramalhão. Ao contrário, ela escreve um romance elegante, como destacou o New York Times, “sem uma gota de autopiedade”, segundo o Washington Post, e “com irônica sensibilidade” de acordo com o San Francisco Chronicle. Apenas três exemplos da ótima recepção que teve por aí.
Adriana Lisboa • EUA
Desafios
Rascunho é um jornal que impõe de imediato desafios ao seu leitor: uma oferta variadíssima de textos cobrindo todos os quadrantes da vida literária, densos, longos, instigantes. Em todo este imenso país não se encontrará certamente um seu concorrente ou similar. O que é uma pena, não fosse o fato de que já temos o Rascunho! Gosto dos temas factuais, como fez Fernando Monteiro na série sobre leitura, mas gosto também das análises detalhistas, como a crítica de Rodrigo Gurgel sobre as traduções shakespearianas de Carlos Alberto Nunes, e dos contos minimalistas de Gonçalo M. Tavares, publicados na edição de abril. Enfim, há sempre um leque variado de opções no Rascunho.
Nelson Patriota • Natal – RN
9 anos de Rascunho
Parabéns pelo nono aniversário do Rascunho, talvez a mais inspirada, entusiasta e bem-sucedida iniciativa de acompanhamento e divulgação da literatura no Brasil neste início de século.
Carlos Trigueiro • Rio de Janeiro – RJ
Parabéns pelos nove anos do jornal Rascunho. Tenho orgulho de ser assinante de tão belo projeto.
Clauder Arcanjo • Mossoró – RN
Que bacana este jornal. Cada mês está melhor. No Rascunho de março (edição 107), gostei muito da crônica de Rogério Pereira [Quando meu avô matou Collor]. Na edição de abril, além das histórias de Affonso Romano de Sant’Anna, que são maravilhosas, as duas entrevistas muito boas (com Alberto Mussa e Joarez Sofiste). Além do ensaio sobre Vinicius de Moraes, etc.
Mara Paulina • Chapecó – SC
Parabéns pelos nove anos de luta para fazer um jornal de muita garra e presença na cena literária brasileira. Desejo mais noventa anos pela frente.
Ronaldo Correia de Brito • Recife – PE
Parabéns pela edição de abril. Está a melhor!
Enzo Potel • via e-mail
Escritor selvagem
Li a noite a interessante reportagem sobre o mecânico capixaba residente em Curitiba, Joarez Sofiste, acerca de sua paixão pela filosofia e pelos livros. Fico fascinado com experiências desse tipo.
Alexandre Campos • via e-mail
Nos EUA
Os números do Rascunho que chegarem (depois de serem lidos vorazmente por mim) serão arquivados aqui na biblioteca do Smith College, onde dou aulas de português e de literaturas comparadas de língua portuguesa. Estou, com minha colega Marguerite Itamar Harrison, trabalhando com um grupo pequeno, mas muito entusiástico e sempre crescendo, de leitores da literatura brasileira, e Rascunho será um ótimo recurso para nós. Meus agradecimentos e parabéns a todos que fazem o jornal.
Malcolm McNee • Northampton (EUA)
Gullar e Bishop
Na página 29 da edição de abril, contrastam os poemas à direita e à esquerda (da página): Ferreira Gullar e Elizabeth Bishop. Contrastam, díspares na página, na forma e no tom. Mas falam, ambos, da intensidade da vida-amor-morte; daquilo que apodrece — e que engendra vida; do amor que se aproxima até a morte. Com ou sem medo. Algum é mais poema do que o outro? Alguém é mais poeta do que o outro?
Priscila Prado • Curitiba – PR
Sobre leitura
Fernando Monteiro encerrou suas reflexões na edição comemorativa de 9 anos do Rascunho com uma ótima idéia. Não chega a ser a desobediência civil de Thoreau (a de não se pagar tributo nenhum ao Estado), mas já serve de aviso às mansões editoriais e aos shoppings culturais, chamadas erroneamente de livrarias. A idéia é simples, procurar as bibliotecas. Não dá pra perder tempo entre as prateleiras assépticas e estúpidas das megastores, bibelôs da elite burra do país. Mas caso a biblioteca “mais perto de você” não seja bem servida da boa literatura que deve se procurada, é fácil, vá aos sebos! Eu já sou partidário dessa agremiação libertária há anos, me nego a comprar em livrarias. E os que são como eu, também fazem coro com o Fernando: somos todos ressentidos frustrados, frustrados recalcados, recalcados ressentidos. O que precisamos agora é organizar o movimento — boicote às grandes redes livreiras! Ninguém precisa de sindicato para isso. Basta querer economizar uma grana e ganhar renite, vale a pena. Mas alguém pode até dizer: mas não somos nada em relação ao bolo todo. Respondo: a intenção é que vale. E tem mais: jornais estão fechando nos EUA, a Folha de S. Paulo declarou que suas vendas estão caindo drasticamente. As livrarias e editoras já devem estar percebendo uma queda em seus balanços mensais. Em época de retração qualquer 1% a menos nas vendas, decorrente do protesto organizado, será pior que qualquer negativo passageiro, pois é um aviso. Se for pra ajudar alguém nessa hora, prefiro que seja com assinaturas de jornais como o Rascunho, o Vaia ou com a compra dos livros das pequenas casas editoriais (de preferência, direto da fonte), ou das auto-edições de escritores, que na maré que está vindo podem se afogar. Porque tem mais essa. Em época de crise financeira, a elite se apóia nas costas do Estado, o trabalhador aumenta a fileira da informalidade e a literatura (verdadeira) fica a ver navios. Por isso é difícil “desafinar o coro dos contentes”, como escreveu o finado Torquato Neto, repetido por Francisco Lopes e transcrito por Fernando Monteiro. E é de extrema necessidade nacional desafinar todo e qualquer instrumento antes que a banda que está no palco toque a sinfonia do status quo.
Homero Gomes • Curitiba – PR