Chave de ouro
Rascunho fechou 2010 com chave de ouro. Além das justíssimas reavaliações das obras e da importância de dois grandes nomes da literatura brasileira — Ignácio de Loyola Brandão, por Fábio Silvestre Cardoso, e Hermilo Borba Filho, por Fernando Monteiro —, na sua edição de dezembro este jornal presenteou seus leitores com o pensamento sempre lúcido de Silviano Santiago, as memórias de Affonso Romano de Sant’Anna, Mário Vargas Llosa, Eduardo Galeano, o lado incômodo de Monteiro Lobato (por Alberto Mussa), e mais e mais. Por tudo isso, valeu renovar a assinatura.
Antônio Torres • Petrópolis – RJ
Na lata do lixo
Meu nome é Danilo, tenho 24 anos. Gostaria de deixar o meu testemunho real de como me surpreendi ao ver a edição de dezembro do Rascunho. Sempre fui um amante da literatura. Desde os 10 anos de idade, em vez de pipa, pião, bola, lá estava eu com os meus brinquedos. “Danilo, o que é isso?”, meus amigos me perguntavam. “É o Dom Quixote”, eu respondia. Eles faziam uma cara de nojo, mas eu me divertia completamente. Nunca deixei de jogar bola, soltar pipa… Mas para mim a literatura era mais importante. Convivi com os livros. Não tinha dinheiro na época, minha família me ajudava quando podia, pois não é fácil comprar um Crime e castigo, O grande Gatsby, 1984. Difícil mesmo era encontrar Cem anos de solidão, algum livro do Cortázar ou do Roberto Arlt. Minhas professoras diziam que estas leituras eram pesadas. Quando li Ulisses de Joyce aos 16 anos, me perdi. Fiquei abatido e me senti o próprio Stephen Dedalus. O tempo passou, li Kafka, Jane Austen, Henry James. Li muito. Mas percebi que não tinha mais aquele “sabor”, nada era tão belo quanto o Ulisses de Joyce. Foi quando roubei um livro na escola (que coisa feia!): O velho e o mar, de Hemingway. Senti-me na pele de Santiago e senti que Santiago (o protagonista) sofreu como Cristo. Foi literalmente crucificado no mar através de sua luta contra o peixe (na verdade o mundo). Senti que a literatura era o meu caminho! Entrei na faculdade de Letras. Me formei em 2010. Agora já estou matriculado na pós-graduação. Penso em me tornar crítico literário. O caminho é longo, mas prazeroso! Eu vou consegui “nem que seja a porrete”, como o Augusto Matraga do Guimarães Rosa. O fato é que descobri o Rascunho no final do ano. Uma pena. Encontrei um jornal jogado na rua (na verdade em uma lata de lixo na avenida Paulista). Considero uma dádiva de Deus, pois gastei muito dinheiro com revistas literárias. Mas percebo agora que a melhor, em uma lata de lixo, me mostrou que existem pessoas com os mesmos pensamentos que eu. Obrigado por transformar o mundo, o meu mundo literário. Danilo Pereira • São Paulo – SP
Silviano Santiago
Excelente o Paiol Literário com Silviano Santiago. Muita coisa inteligente, uma visão bastante interessante da literatura. Verdadeira aula para quem vive a paixão pelos livros.
Maria Aparecida de Andrade • Foz do Iguaçu – PR