Cartas #agosto_16

A opinião, comentários e sugestões dos nossos fiéis leitores
Arte da capa: FP Rodrigues
30/08/2016

O silêncio
José Castello, em O ruído do mundo (Rascunho, edição 194), alerta-nos para os “barulhos” existentes no silêncio, impulsionando uma criação literária. Catherine Lépront, no livro Entre o silêncio e a obra, analisando várias obras de diversos autores, descreve o silêncio como uma introspecção do escritor ou artista na confecção de sua obra. Um “armazenamento” que resulta na obra: “Quando a obra consumir, a partir desse ‘nada’ que emergiu do silêncio e que o apreendeu, e, em seguida, tomar até mesmo o que diz respeito ao próprio ser do escritor, passando por aquilo que constitui seus haveres e que ele acumulou de tanto observar e estudar, o escritor se verá então presa de mesmos fenômenos semelhantes àqueles que haviam presidido à edificação da obra acabada, e sentirá a mesma necessidade de recomeçar”. Eni Puccinelli Orlandi, em As formas do silêncio — no movimento dos sentidos, “silêncio que atravessa as palavras, que existe entre elas, ou que indica que o sentido pode sempre ser outro, ou ainda que aquilo que é mais importante nunca se diz, todos esses modos de existir dos sentidos e do silêncio nos levam a colocar que o silêncio é ‘fundante”. Desse modo, nesta nossa reflexão, procuramos indicar as várias pistas pelas quais alcançamos esse princípio da significação: o silêncio como fundador”.
Fátima Soares Rodrigues • Belo Horizonte – MG

Assinante feliz
Expresso minha alegria em tornar-me assinante do Rascunho. Há tempos acompanho o jornal em sua versão on-line; porém sua qualidade, somado ao espaço cada vez mais raro para a literatura de nível considerável, levaram-me a optar pela assinatura.
Ricardo Gessner • Ourinhos – SP

Um homem comum
Falando na vocação da literatura para também trair o leitor, Nelson de Oliveira, no seu sensível, pontual e inteligente ensaio Treze teses sobre o homem comum na literatura, publicado no Rascunho de abril, pensa em particular no trato do homem comum, isto porque este homem literariamente não é o homem real. Não em todos, é lógico, mas em muitos romances, gênero que o autor escolheu para o estudo. No fundo, Nelson nos pergunta: quem é o homem comum na literatura? O pé-rapado, o descamisado, o proletário, o indigente, o desvalido sem pátria interior ou sem lugar existencial? Nem todos devem concordar quando ele elege os Fabianos, as Macabéas, os Riobaldos e tantos outros como personagens exemplares, tendo em conta, como leitor sensível que é, que a literatura faz da realidade de fato matéria fictícia e singular, conferindo ao traçado do homem comum um dimensão mais humana e até mesmo universal. Leia para o seu espanto ou desapontamento, ou para a inquietação crítica e reveladora que foi o que me aconteceu.
Jorge Miguel Marinho • São Paulo – SP

Rascunho

Rascunho foi fundado em 8 de abril de 2000. Nacionalmente reconhecido pela qualidade de seu conteúdo, é distribuído em edições mensais para todo o Brasil e exterior. Publica ensaios, resenhas, entrevistas, textos de ficção (contos, poemas, crônicas e trechos de romances), ilustrações e HQs.

Rascunho