Férias são para acumular ideias e palavras

Para Letícia Wierzchowski as férias são uma oportunidade criativa para a literatura
12/01/2018

Para Letícia Wierzchowski estar em férias vai muito além do não escrever: é se manter distante das demandas que nos conectam sem aviso, porém, são também um momento de leitura e de reflexão. Leitora eclética — que devora de Philip Roth a Tolstói, a autora de A casa das sete mulheres não se furta a usar o período de descanso para armazenar ideias e palavras que possam desembocar em novos trabalhos.

Entusiasta do verão, em especial à beira-mar, Letícia faz de sua literatura uma colcha de retalhos memorialística desses momentos, que permanecem vivos como lembranças.

Leia entrevista ao Rascunho, em que a autora comenta sobre seus hábitos nas férias e suas principais leituras de verão.

• Como são as férias para uma escritora?
Olha, férias para mim é uma conjunção de fatores: não escrever é a minha maior quebra de rotina, mas considero férias quando não escrevo e também viajo, deixando o computador desligado, longe dos e-mails, do mundo conectado cujas demandas vêm sem hora prévia.

• Esse é um momento de leitura ou distanciamento dos livros?
Leio bastante nas férias. Gosto de me armazenar de palavras, histórias e imagens.

• Você usa as férias como um período criativo? Como é a sua dinâmica nesse momento?
Uso no sentido de que o ócio, as viagens, o novo trazem ideias sempre. Costumo anotar coisas em cadernetas para usar depois.

• Existe algum momento marcante das suas férias na infância que reverberou na sua literatura?
Toda a minha infância no litoral gaúcho está nos meus livros, esfacelada, dividida nos romances, em pequenos trechos de contos e em muitas crônicas. O verão é muito presente na minha literatura — o verão e os veraneios à beira-mar.

• Houve algum autor que você descobriu nas leituras de férias e que acabou por se tornar essencial na sua formação como leitora?
Nossa, tantos. De Erico Verissimo a Philip Roth.

• Que lembrança de férias você ainda carrega consigo?
Do vento no litoral gaúcho, dos pinheiros, daqueles dias de liberdade à beira-mar. Meu romance juvenil O primeiro e o último verão se constrói inteiro destas memórias.

• Que livro você indicaria como leitura para as férias?
Livros longos já que o tempo é maior… na areia, eu já li Guerra e paz, A marca humana… nossa, tanta coisa. Mas indico O mar, do John Banville, um romance sobre um verão especial.

Jonatan Silva

É jornalista e escritor, autor de O estado das coisas e Histórias mínimas.

Rascunho